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sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

O Mistério das Duas Irmãs (2009)

   Não sou daquelas pessoas que adivinham finais de filme, mas acho que já vi coisas o bastante para prever alguns truques. Em algumas raras situações saquei logo de cara a surpresa que determinados filmes reservam para o final. Foi assim com O Mistério das Duas Irmãs (The Uninvited), que se mostrou óbvio para mim desde o comecinho. Tendo em mente o truque no qual o filme sustenta sua narrativa, pude ir confirmando cada vez mais que eu estava com a razão. Porém, ao contrário de destruir o prazer de assistir ao filme, fui capaz de curtir ainda mais a maneira engenhosa com a qual a trama é conduzida. E, para pegar de surpresa mesmo os mais espertinhos (como eu), o filme ainda guarda uma reviravolta final - esta sim, imprevisível para este escriba.
   O Mistério das Duas Irmãs, dirigido por Charles e Thomas Guard, é o tipo de filme que vale a pena ver pelo menos duas vezes; a primeira pelo prazer da história, a segunda para ve como tudo é conduzido seguindo uma lógica própria. Acredito que um filme seja um universo fechado em si próprio. As regras que ele cria, desde o primeiro fotograma até a cena final, vale somente para a duração do filme, e é por meio desse conjunto de parâmetros que devemos julgar o desenrolar de uma trama. Nesse sentido, considero O Mistério das Duas Irmãs suficientemente honesto com aquilo que ele propõe. As atitudes dos personagens, a maneira como interagem e as decisões que tomam seguem uma lógica determinada pelo ponto de vista adotado na narrativa. Gosto muito quando um filme nos convence de que os personagens estão agindo da maneira que julgam ser a mais correta, para depois nos mostrar como estamos equivocados. Acho genial, por exemplo, a reviravolta final de O Chamado, quando Rachel (Naomi Watts) liberta o espírito de Samara, acreditando estar fazendo a coisa certa - quando, na verdade, está permitindo que o fantasma da menina cometa ainda mais malvadezas.


   O Mistério das Duas Irmãs, refilmagem do sul-coreano Janghwa, Hongryeon (lançado por aqui como Medo, mas mais conhecido como A Tale of Two Sisters), é rico em personagens fazendo bobagens devido à incapacidade de raciocinar de maneira correta. Conta a história de uma garota que retorna para casa depois de se tratar numa clínica psiquiátrica, onde fez terapia para superar a perda trágica da mãe, morta num incêndio do qual a menina pouco se lembra. De volta para casa, ela passa a viver com o pai e sua nova madrasta, tendo ainda a companhia da irmã rebelde. Logo a menina se convence que a namorada de seu pai foi a causadora da tragédia que culminou no incêndio que matou sua mãe e decide investigar o passado dela. Uma série de acontecimentos assustadores levam a história a um desfecho trágico e surpreendente.
   Um filme bem narrado, envolvente e dinâmico, com todos os elementos necessários para agradar tanto ao consumidor casual do gênero quanto aos aficionados por horror. Acima de tudo, um filme que consegue se sustentar mais pela história interessante do que por cenas violentas e sustos exagerados.

8 comentários:

  1. Eu acho que, por ter visto antes o original, achei esse filme muito meia-boca. O original tem todo um clima meio pueril e macabro; nesse as meninas (em especial a mais velha) está completamente vulgar. Achei um negócio desnecessário.

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  2. Não vi o original (ainda), mas achei o remake um filme competente. Pelo texto pode parecer que adorei o filme; na verdade, achei a narrativa muito bem construída, mas diria que é um filme dentro da média. O que é bom, em meio a tanta porcaria que existe por aí.

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  3. Eu confesso não ter entendido o original. Devo gostar da refilmagem. hehehe

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  4. Tenho um pouco de preconceito com refilmagens americanas, por isso ainda não vi este filme, mas o original coreano é impecável. Música, cenários, enquadramentos, atuação das meninas, tudo de primeira. Acho até difícil chamá-lo só de filme de terror, é um drama bem pesado mesmo.

    (AVISO: o próximo parágrafo será absolutamente guiado pelo "achômetro", já que ainda não vi o filme)

    Isso de deixar uma das meninas meio vulgar, como disse a Beatriz, deve ter sido pro público ocidental se identificar mais.

    Talvez num dia chuvoso e de muito ócio eu veja esse remake, junto com o de "Rec". (Já o de "Deixa Ela Entrar", não tenho a menor vontade!)

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  5. O filme não é ruim não, basa não esperar demais dele e definitivamente não compará-lo com o original, hehehe. Também sou bem reticente com refilmagens americanas, ainda mais de filmes contemporâneos! Mas parece que isso vai perdurar muito ainda... O remake de DEIXA ELA ENTRAR deve beirar o patético!

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  6. eu baixei esse filme depois que vi sua resenha, e gostei bastante. não tinha reparado que era uma refilmagem, pois nesse caso eu provavelmente não teria nem me interessado, mas posso dizer que, pelo menos sem a comparação com o original, o filme funciona.

    fiquei na dúvida sobre qual elemento da trama você sacou desde o começo, e qual te surpreendeu. eu tinha alguns palpites, mas o final me pegou de jeito.

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  7. Opa, que legal você de volta aqui, Nagash! Então vou dizer o que eu deduzi logo de cara e isso são SPOILERS para quem não viu o filme, então tirem as crianças da sala!
    Logo na primeira cena com a garota de volta para casa eu percebi que a irmã dela estava morta, e que só ela a enxergava. A partir daí, prestei muita atenção nisso, e o filme é bem engenhoso para disfarçar isso: note que o pai dela dedicou o livro às duas filhas, e isso nos faz pensar que ambas estão vivas; a madrasta dela a recebe dizendo que será bom ver o marido dela novamente cercado de mulheres, também dando a entender que são várias mulheres (são só elas duas, na verdade), e assim por diante. Vale a pena rever o filme para pelo menos ver como isso é bem conduzido.
    Já o final mesmo eu nem desconfiei, mas gostei demais, porque adoro personagens trágicos, malditos. O fato de a menina ser a vilã e ter desgraçado mais vidas (inclusive inocentes) propicia uma dimensão maior ao filme, na minha opinião. Para mim, horror é isso, contar histórias trágicas.
    Também não assisti ao original e não duvido que seja superior, mas me parece que há uma grande má-vontade da maioria da pessoas que dizem que esse remake é tão ruim.

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  8. Concordo que muitas vezes existe má vontade das pessoas em relação às refilmagens, mas posso garantir que esse não é o meu caso, nem o caso deste filme. Acho que uma refilmagem é, sim, válida, quando acrescenta novos elementos, uma nova abordagem. Mas este filme só repete o que têm feito as refilmagens americanas: tira toda a poesia do filme original e o torna mais óbvio para o público.

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