CRÍTICAS, ANÁLISES, IDÉIAS E FILOSOFIAS EM GERAL A RESPEITO DE FILMES DE HORROR DE TODAS AS ÉPOCAS, NACIONALIDADES E ESTILOS, E MUITAS OUTRAS COISAS RELACIONADAS AO GÊNERO

terça-feira, 18 de maio de 2010

Incrível! Fantástico! Extraordinário! (1947-1958)

   Eu estava quase finalizando esta postagem quando, por uma feliz coincidência, Laura Cánepa postou no blog dela um texto sobre a adaptação cinematográfica de Incrível! Fantástico! Extraordinário! (1969). Isso me motivou a colocar logo no ar esse texto, pois aqui falo especificamente sobre o programa de rádio que, durante mais de dez anos, prejudicou o sono de muitos ouvintes. Não faltam sequer relatos (aparentemente um tanto exagerados) até de pessoas que cometeram suicídio depois de acompanhar os contos assustadores que eram narrados no programa. Ótima publicidade, sem dúvida.
   Incrível! Fantástico! Extraordinário! foi criado por Henrique Foreis Domingues, mais conhecido como Almirante, um dos nomes mais importantes do rádio brasileiro. O programa era transmitido pela Rádio Tupi do Rio de Janeiro, apresentando dramatizações de casos fantásticos, sobrenaturais e inexplicados, os quais supostamente eram relatos verídicos enviados pelos ouvintes e narrados por Almirante e pelo elenco da rádio. Os textos eram escritos por José Mauro e, posteriormente, por Cesar de Barros Barreto. Cada programa era composto por quatro histórias curtas, narradas em clima de suspense, com direito a sonoplastia e música incidental, tudo desempenhado ao vivo no estúdio.
   O programa estreou em 21 de outubro de 1947, quando foram ao ar as histórias A AranhaO Comandante, Saci Pererê e O Baile. Seguiram-se centenas de programas, apresentando casos como Pianinho de Brinquedo, O Estranho Homem Que Queria Construir uma Granja, O Defunto Que Respondia as Perguntas, O Fantasma da Negra Que Vendia Acarajé, O Cadáver Que Se Levanta da Cama e Pede um Café e tantas outras narrativas tão pitorescas quanto intrigantes. O último programa foi ao ar em 1958. Parte do acervo da série foi restaurado e está disponível para compra na página do Collector’s Studio. Quem se interessar em comprar toda a coleção deve se preparar para desembolsar mais de R$ 600. Ou então pode saciar a curiosidade ouvindo o programa abaixo, infelizmente com qualidade de som sofrível.


   A série causou enorme impacto por todo o país, um testemunho valioso do poder do rádio na época, deixando as pessoas apavoradas, imaginando da maneira mais assustadora possível as histórias narradas a cada episódio. A sofisticação do programa chegava ao ponto de dar nome e endereço completo das pessoas que enviavam os relatos, além de garantir que tudo era cuidadosamente investigado, com integrantes da equipe de produção indo ao local onde teria ocorrido o fenômeno sobrenatural. Difícil acreditar que isso acontecia de verdade, mas certamente servia para inflamar ainda mais a imaginação dos ouvintes.
   O sucesso do programa se repetiu numa edição em livro, no qual o próprio Almirante selecionou 70 dos casos assombrosos mais populares dramatizados no rádio. O volume foi lançado originalmente em 1951 pelas edições O Cruzeiro e reeditado em fins da década de 80, com uma organização mais cuidadosa e focada na pesquisa e no aspecto histórico do programa, pela editora Francisco Alves.
   O programa também inspirou o longa-metragem em episódios Incrível! Fantástico! Extraordinário!, dirigido por C. Adolpho Chadler em 1969, o qual é abordado detalhadamente aqui, e virou série de televisão na temporada 1994-95. Produzido pela TV Manchete e apresentado por Rubens Correa, a nova encarnação de Incrível! Fantástico! Extraordinário! só reaproveitou o nome da clássica criação de Almirante. Os roteiros deixaram de lado os pretensos ‘causos’ verídicos e buscaram inspiração em contos literários, como no programa de estréia, de 23 de novembro de 1994, com o popular A Garra do Macaco. Seguiram-se outros doze episódios (pelo menos tenho gravado esses treze programas; não acredito que a série seja maior do que isso), incluindo títulos como Gêmeas, O Fantasma da Prostituta, A Casa da Clareira e O Relógio do Tempo. Porém, o nível de produção era baixíssimo, com praticamente todas as tramas se passando numa casa de fazenda. Afastadas do cenário urbano, essencial para evocar alguma credibilidade, as histórias quase sempre eram desprovidas de interesse. O derradeiro programa, intitulado Possessão, foi ao ar em 22 de fevereiro de 1995, e a série desapareceu da grade da emissora sem deixar saudades.

14 comentários:

  1. opa! incrível, fantástica e extraordinária coincidência.! já estou "linkando" o texto no meu post. abs!!

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  2. Eu tive a sorte de conviver com a maravilha que era o rádio, na minha infância. Lembro-me muito bem das radionovelas fantásticas que iam ao ar, como por exemplo, uma versão apavorante do Médico e o Monstro cujo título no rádio eu não lembro. E houveram muitas outras, no nível do programa da presente postagem, que me afastavam da molecada da rua e me mantinham preso ao lado do enorme aparelho alemão, que meu pai possuía e que transmita programas até da BBC. Porém, de INCRÍVEL! FANTÁSTICO! EXTRAORDINÁRIO! Eu apenas tinha ouvido falar. E ao ver este tópico aqui, me trouxe uma nostalgia imensa. Valeu demais, Carlos!

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  3. Pelos seus comentários o programa parece ter causado no público a mesma repercussão que o Orson Welles causou ao ler no seu programa de rádio o livro Guerra dos Mundos, de H. G. Wells.

    Cultura? O lugar é aqui:
    http://culturaexmachina.blogspot.com

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  4. Cayman, tenho uma nostalgia do rádio que nunca ouvi. Sou fascinado por esse formato, e tenho uma grande coleção de dramatizações de histórias de horror no rádio (todas em inglês).

    Uma das minhas preferidas, claro, é essa versão de A GUERRA DOS MUNDOS comentada acima pelo pseudo-autor, a qual eu cheguei a transcrever (legendar) para uma revistra que fiz há muitos anos esmiuçando tudo que se relaciona com esse clássico de H.G. Wells.

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  5. Isso está muito longe de ser da minha época e gostaria muito de saber como era a sensação de ouvir esses contos na infância daquele tempo, mas acredito que teria o mesmo efeito de quando eu via casos escabrosos pela TV. Lembro-me que eu tinha medo até do Homem do Sapato Branco, hehehe! Acho que o pior mesmo era ver o Fantástico... Até hoje, guardo na memória um suposto caso de possessão em que o infeliz acreditava ser chicoteado por uma estranha aparição. Além disso, o Fantástico exibia cenas desses tipos de caso através de ilustrações meio toscas e sinistras.

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  6. Nossa, que barato! Já tinha ouvido falar há muito tempo, mas agora sim estou bem informada! Rádio é fascinante e imagino mesmo que naquela época deveria ser arrepiante. Imagine à noite, você na sua caminha, no escuro, só com o radinho ligado... Ui!

    Quando ainda criança, eu e minha irmã costumávamos gravar programas de rádio no cassete, e uma das atrações era alguma história de terror de momento, anunciada de maneira sensacional como o Incrível, Fantástico, "Ixxtraordinário": "E agooora você vai ouviiir... Uma históóória de TERROR!!! HAHAHA". Os sons eram providenciados também, just in time! O portão do castelo ao abrir era o som de uma velha caixinha plástica do cassete, o temporal, um canal de TV fora do ar... e por aí vai! Ai que saudade! :)


    Tenho alguns programas de rádio bem antigos (desde 1939), narrados por Vincent Price! Certamente vocês também os tem já ouviram falar. Hoje em dia eu consigo curtir porque meu inglês tá melhor! :) Quem não conhece, procure por "Old Time Radio - CBS Radio Mystery Theather".

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  7. Nossa, que divertido esses "shows de rádio" que vocês gravavam!

    Sobre os "old time radio", é isso mesmo. Tem um acervo impressionante disponível na internet. Exceto, como sempre, do rádio brasileiro. Eu adoraria ter a coleção de INCRÍVEL, FANTÁSTICO, EXTRAORDINÁRIO, mas achei caro demais o preço que pediram.

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  8. Para mim foi o melhor da produção Nacional ao nível do horror o programa exibido pela Manchete. Quando assistia ficava muito emocionado ao ver algo nacional em formato de terror. As histórias eram muito legais, tinha 14 anos e gravava todas, mas com o tempo perdi. Para mim as melhores foram a Garra do macaco, o Fantasma da Prostituta, a das Irmãs Gémeas, O Aviador. Marcou época. É daquelas coisas que só acontecem em um momento na vida.

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  9. Quanto ao programa da Manchete eu só tenho que lamentar por não tê-los gravado quando pude. Hoje, tento encontrar algum e nada. Concordo plenamente com o fato da qualidade deles ser incomparável, pelo menos na época em que foram exibidos. E eram imperdíveis. Alguém lembra da mini-série das bruxas exibida por ela?

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  10. Eu nunca ouvi falar dessa mini-série das bruxas, mas, sem dúvida, o passado era bem melhor fornido de narrativas de horror. Citaram tantas coisas por aqui! Não sei quanto a outras cidades, mas aqui em Fortaleza o rádio está claramente em decadência. Outro dia fui dar uma conferida, de curiosidade - depois de quase 10 anos sem ouvir rádio - e tinha duas estações de música pop, uma de MPB, umas três de Forró (é claro!) e umas dez evangélicas.

    Adorei a idéia dessas gravações que a Juliana fazia com a irmã! O máximo que eu fazia nesse sentido era uns teatrinhos de vampiros, além de, claro, contar histórias sobre encruzilhadas para os amigos e, supostamente, invocar espíritos (idéia da minha irmã do meio, que me enganou por um bom tempo dizendo que o espírito de uma mulher tinha, de fato, comparecido à "sessão").

    Enfim, eu fico bem nostálgica com essas contações de histórias de horror. No Halloween, sempre penso em reunir algumas pessoas pra fazer um concurso da melhor história de terror, mas ninguém se empolga com a minha idéia. :(

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  11. Falei tanto e nem comentei o assunto principal do post: ouvi o episódio colocado aqui, mas o áudio está tão ruim, que pouco entendi. O "engraçado" é que não está ruim na apresentação do programa, só durante a história.

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  12. Eu confesso que achei bem decepcionante essa amostra do programa. Pelos relatos espetaculares da época, imaginei que era algo muito mais assustador. Achei até meio cômica e farsesca a dramatização, sem muito clima de medo. Mas sei lá, pode ser que o pessoal da época realmente ficava apavorado... Talvez fossem mais imaginativos.

    O que ninguém comentou, e que acho muito curioso, é que no elenco estão nomes consagrados como Paulo Gracindo e Orlando Drummond!

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  13. Olá ! sabe se é possível conseguir o longa metragem? meu pai participou como figurante! achei o máximo ,ele me contou que fez uma cena com uma moça na mesa ,simulando uma conversa!

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  14. Olá pessoal, visualizei aqui o texto sobre o Incrível, Fantástico e Extraordinário! Não sei se pelo tempo o Carlos ou os interessados pelo programa, já conseguiram todos os áudios, mais se não conseguiram, e se concordarem, posso fazer-lhes o envio dos mesmos. Deixarei o meu e-mail para contato! Mateus.rangelrangel@gmail.com
    Bom o contato já está aí, só mandarem mensagem e aí vemos como podemos enviar o material!

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