CRÍTICAS, ANÁLISES, IDÉIAS E FILOSOFIAS EM GERAL A RESPEITO DE FILMES DE HORROR DE TODAS AS ÉPOCAS, NACIONALIDADES E ESTILOS, E MUITAS OUTRAS COISAS RELACIONADAS AO GÊNERO

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Rexona Men SportFan

The Complete Works of Edgar Allan Poe (1908)

   O bicentenário de nascimento de Edgar Allan Poe (1809-1849) foi muito comemorado no ano passado, e como não quero esperar até 2049 para celebrar os duzentos anos da morte do mais macabro dos poetas, deixo aqui minha contribuição com um pequenino atraso. Trata-se de uma coleção histórica, lançada em ocasião do primeiro centenário de vida do escritor, com dez volumes reunindo toda a obra de Poe, incluindo poemas, contos e ensaios críticos. Como sempre faço, não se trata de uma simples edição de texto: são facsímiles dos originais, para que todo interessado por literatura fantástica possa enriquecer sua coleção virtual de livros, ou para abastecer seu Kindle ou iPad com títulos indispensáveis; afinal, nada mais prazeroso do que usar a novíssima tecnologia para redescobrir os clássicos. Mesmo quem não gosta ou tem dificuldade para ler em inglês pode baixar os livros pelo menos para ver as figuras, pois a coleção é lindamente ilustrada.

Volume 1               Volume 2

Volume 3               Volume 4

Volume 5               Volume 6

Volume 7               Volume 8

Volume 9               Volume 10

quinta-feira, 29 de abril de 2010

30 anos sem Hitchcock: Federico Mengozzi e Rubens Ewald Filho

30 anos sem Hitchcock: Manchete

30 anos sem Hitchcock: Notícias Populares

30 anos sem Hitchcock: Diário da Noite

30 anos sem Hitchcock: Folha Ilustrada

30 anos sem Hitchcock: Folha de S.Paulo

30 anos sem Hitchcock: O Estado de S.Paulo

ESPECIAL! 30 anos sem Hitchcock

   Se os jornais e revistas de hoje não têm a devida memória para os grandes nomes do passado, é nosso papel lembrar de um cineasta que não foi apenas genial, mas acima de tudo um inventor. A compilação de recortes desta série de postagens, mais uma vez, é do historiador Jaime Palhinha, que sem dúvida nenhuma possui um acervo mais volumoso do que muitas cinematecas e escolas de cinema espalhadas por esse país.

Alfred Hitchcock: 30º aniversário de morte

Homenagem a Alfred Hitchcock (13 de agosto de 1899 - 29 de abril de 1980).

   Não, Hitchcock não está cavando seu próprio túmulo: ele foi cremado.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Spider Baby; or, The Maddest Story Ever Told (1964)

   Na crítica de Frightmare (1974), de Pete Walker, comento que o filme é uma espécie de elo-perdido entre Spider Baby e The Texas Chain Saw Massacre. Este último tenho certeza que todos vocês conhecem de cor. Sobre essa pequena obra-prima do cinema independente chamada Spider Baby, compilei trechos de várias críticas para formar esse ‘texto-frankenstein’ àqueles que ainda não o assistiram. Para baixar o filme direto, basta clicar aqui. Para assisti-lo sem sair do blog, acesse pelo Internet Explorer e clique no botão play na imagem abaixo.


   Existem bons filmes ruins e maus filmes ruins e existe Spider Baby: um filme ruim tão bizarro e tão fascinante que merece uma classificação própria. [1] Lon Chaney Jr. é membro de uma família de adultos dementes que se tornaram canibais devido a endogamia. [2] Enraizado na tradição da piada doentia transferida para o celulóide de Little Shop of Horrors e A Bucket of Blood, de Roger Corman, Spider Baby foi escrito e dirigido por Jack Hill, ex-colaborador de Corman. Abordando temas difíceis como retardamento mental, canibalismo e valores familiares destruídos, o filme se desenrola como uma combinação de Krafft-Ebing / William Castle numa variação da então popular série de TV The Addams Family. [3] Não é tão inapto tecnicamente quanto Plan 9 from Outer Space ou tedioso como House of the Black Death, mas definitivamente é da mesma classe de pobreza, com diálogos estapafúrdios e situações ridículas; Lon inclusive interpreta a canção tema em ritmo de rock! [1] A baixa qualidade de produção, frequentes confusões de iluminação trocando o dia pela noite, atuações erráticas e o roteiro irregular denunciam o orçamento irrisório e o curto cronograma de filmagem. Ainda assim, o que o filme deixa a desejar em aspectos técnicos, compensa plenamente com sua esquisitice sem compromissos. [3] Tem uma ótima cena à mesa de jantar e diálogos malucos que o fazem funcionar tanto no aspecto chocante quanto como sátira. Um dos melhores papéis de Chaney em filmes de baixo orçamento, com o diretor Jack Hill mantendo pleno equilíbrio apesar da natureza desvairada do roteiro. [4]

[1]  James O’Neill, Terror on Tape
[2]  Michael Weldon, The Psychotronic Encyclopedia of Film
[3]  Joe Kane, The Phantom of the Movies’ Videoscope
[4]  John Stanley, Creature Features Movie Guide Strikes Again

Embrujada (1969)


   Esta é a melhor cena de horror do filme Embrujada, co-produção Argentina-Brasil estrelada pela [preencha este espaço com seu superlativo preferido para espécimes humanos do sexo feminino] Isabel Sarli. O filme foi exibido há alguns anos, em sua versão original, no saudoso canal Retrô, como Enfeitiçada. Desconfio que esta cena não existe na versão brasileira, exibida nos cinemas como Mulher Pecado, com dez anos de atraso e uma trama que - segundo as fontes da época - é completamente diferente. No lugar da curiosa lenda do Pombero, uma entidade demoníaca que se manifesta quando ‘La Coca’ Sarli apronta suas safadezas, a remontagem brasileira insere uma desinteressante trama de contrabandistas ambientada na fronteira do Paraguai. Também acrescenta cenas com Teresa Sodré, outro prejuízo.
   O diretor Armando Bo é considerado uma espécie de Russ Meyer dos pampas. Não é difícil entender por que. Inspiração e matéria-prima ele tinha em casa, pois era casado com Sarli. O galã de quase todos os filmes estrelados por ela era Victor Bo, nada menos do que filho de Armando. (Pausa para reflexão...)
   Pois é... Bem, voltando ao mundo real... quase todos os filmes do casal eram vetados sumariamente na Argentina, censurados no Brasil e faziam sucesso no circuito alternativo de Nova Iorque e em outros paraísos dos raincoaters. A intelectualidade militante da época adorava odiar as peripécias de Isabel Sarli, que foi descrita - com inequívoca elegância - como “provável símbolo sexual para quem ganha menos de três salários mínimos” por um crítico do Jornal da Tarde.

Pombero revivido

   A maquiagem do endemoniado Pombero no filme não é nenhum primor de efeitos especiais, mas se tornou cult o bastante para que um maluco argentino que trabalha desenvolvendo máscaras de monstros recriasse a entidade, que aparecerá num vídeo musical da banda de psychobilly Los Tolchocos. Confira aqui como ficou a bizarra máscara pintada e finalizada (são as mesmas imagens acima), e aqui para ver o making of dessa inusitada empreitada.

terça-feira, 27 de abril de 2010

House of Whipcord (1974)

   Apesar de Pete Walker ser um nome ainda pouco familiar mesmo entre alguns aficionados por cinema de horror - praticamente todo texto sobre ele deve vir acompanhado de um parágrafo introdutório - o inglês possui um conjunto de obra interessante e respeitável, tendo sempre buscado novos temas para explorar com seu estilo nada sutil nem tampouco elegante. House of Whipcord (1974), sem exageros, merece ser considerado sua primeira contribuição relevante para o gênero, ainda que o formato narrativo apele para os mais baixos recursos do cinema exploitation, o que o torna desagradável para quem não tem paixão pelos exageros dessa tendência brutal de filmar (se é que alguém liga a mínima para o que as feministas têm a dizer...).
   O filme marca o início da parceria do diretor com dois de seus mais importantes colaboradores. O primeiro desses nomes é o de sua atriz-amuleto, a inigualável Sheila Keith, dona de um dos rostos mais marcantes do cinema de gênero, sempre com expressões intensas, de ódio, rancor, insanidade, demência. Keith tem participação decisiva como a vilã de House of Whipcord e voltaria em outros quatro filmes de horror de Walker. No departamento criativo, é também o começo da contribuição do ex-crítico David McGillivray, que se tornaria um importante aliado na concepção dos peculiares exemplares de horror assinados por Pete Walker.


   McGillivray assumiu o roteiro iniciado por Alfred Shaughnessy - que escrevera The Flesh and Blood Show dois anos antes - sobre uma jovem francesa (interpretada pela encantadora Penny Irving) que trabalha como modelo em Londres e conhece um rapaz misterioso durante uma festa. Ela acha graça no nome dele, Mark E. DeSade, mas não desconfia que está se metendo numa grande enrascada quando aceita o convite do moço para conhecer sua mãe. A visita pretensamente romântica se revela um verdadeiro inferno quando a garota se vê encarcerada num presídio feminino clandestino. A instituição fajuta é dirigida por uma velha sádica obcecada em punir severamente moças que ela considera moralmente condenáveis. As infelizes que vão parar no tal presídio são julgadas sumariamente em bizarros processos comandados por um magistrado cego e senil, que profere sentenças extremas às culpadas; geralmente, condenando-as à forca.
   House of Whipcord combina de maneira exagerada características de filmes sobre presídio feminino com o estilo de horror cruel de Walker, que à esta altura já se revela o tipo de realizador que faz questão que seus protagonistas sofram tanto quanto possível ao longo da projeção. Mesmo apelativo e pouco verossímil, é suficientemente envolvente e dificilmente você não se flagrará torcendo ansiosamente para que a modelo consiga escapar de seus algozes. Uma crítica nada sutil ao conservadorismo e à hipocrisia da censura, o filme “é dedicado àqueles que se incomodam com a falta de códigos morais dos dias de hoje e que ansiosamente aguardam a volta do castigo corporal”, segundo afirma a sarcástica mensagem no início da fita.
   Walker acerta mais uma vez na escolha do elenco feminino, preenchendo o filme com beldades pouco conhecidas, porém nada desagradáveis à vista do espectador. Ann Michelle, que faz o papel de melhor amiga da modelo francesa, lembra um pouco Claudia Cardinale em versão mais jovem, e outras atrizes em papéis breves também surgem para embelezar a tela por alguns instantes.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Área Q (2010)


   Ficção científica, co-produção Brasil-EUA, filmada em Quixeramobim, cidadezinha no interior do Ceará, pela dupla Halder Gomes e Gerson Sanginitto, responsável pelo filme de horror Cadáveres 2 (The Morgue). A cidade é conhecida pelas aparições de objetos voadores não identificados, mais ou menos como Varginha, em Minas Gerais, e alguma cidade aqui no interior de São Paulo, esqueci o nome. Quando eu começar a acreditar em disco voador, provavelmente vou querer conhecer todas elas.
   Minha sogra é de Quixeramobim, mas não apenas garanto que ela não é extraterrestre, como também posso jurar que ela não verá esse filme! Mesmo assim, essa postagem é carinhosamente dedicada a ela. (Imagino que Quixeramobim e cinema fantástico não se reencontrarão num futuro tão próximo, então tenho que aproveitar a ocasião!).

The Mascot (1934)


   Recentemente Laura Cánepa postou em seu excelente blog dois vídeos sugerindo uma semelhança estética entre Vincent, de Tim Burton, e uma animação da UPA produzida em 1953, adaptada do conto The Tell-Tale Heart, de Edgar Allan Poe. Imediatamente me lembrei deste encantador curta francês em stop-motion, dirigido pelo polonês Ladislas (ou Wladyslaw) Starewicz (1882-1965), pioneiro do cinema de animação radicado em Paris.
   Intitulado Fétiche em francês e The Mascot em inglês, com 26 minutos de duração, tem algumas cenas tocantes e memoráveis (como o cachorrinho pendurado na janela do automóvel), além de técnicas de animação que somente Starewicz dominava, como a filmagem com câmera em movimento para criar efeitos mais dinâmicos.
   Quem estiver em dúvida sobre a relação que faço deste filme com o estilo de cinema de fantasia infanto-juvenil de Tim Burton, confira a cena do ‘Baile do Diabo’ e preste atenção nos traços dos personagens. Impossível não lembrar dos bonecos de traços longilíneos ou rotundos dos filmes de stop-motion como O Estranho Mundo de Jack e A Noiva-Cadáver. Burton anunciou recentemente que seu próximo projeto será refilmar seu próprio curta Frankenweenie em 3D. O filme de Burton, assim como o curta desta postagem, também é sobre um cãozinho de estimação bem peculiar. Vamos ver no que isso vai dar...
   Para assistir ao filme aqui no blog é preciso usar o navegador Internet Explorer. Quem quiser baixar o filme na íntegra, em formato MPEG2, com 1,3 GB, basta clicar aqui.

domingo, 25 de abril de 2010

Through the Looking-Glass, and What Alice Found There (1871)

   Considerado a continuação de Alice’s Adventure in Wonderland (1865), apesar de não fazer referências à obra anterior, Through the Looking-Glass, and What Alice Found There (1871) estabelece diversas equivalências em sua narrativa, de certa maneira ‘espelhando’ o livro precedente. As edições de 1872 e 1907 têm 50 ilustrações de John Tenniel, artista que também trabalhou na aventura anterior de Alice. A edição de 1902 é ilustrada por Peter Newell.



Alice’s Adventure in Wonderland (1865)


   Nessa época em que só se fala em Alice no País das Maravilhas, nada melhor do que voltar às origens deste clássico da fantasia. Eis aqui a versão original do livro de Lewis Carroll, lançado em 1865. As edições facsímiles de 1866 e 1905 têm 42 belíssimas ilustrações de John Tenniel. A versão de 1906 é ilustrada por Charles Robinson. As três estão disponíveis para download logo abaixo. Os completistas e curiosos talvez queiram conhecer também o manuscrito original de Carroll, intitulado Alice’s Adventures under Ground, publicado em 1886, incluindo diversas ilustrações do próprio autor. O documento está disponível neste endereço.



Alice in Wonderland (1903)


   Primeira adaptação para o cinema do livro escrito por Lewis Carroll em 1865, que está nas telas brasileiras atualmente na espetacular releitura feita por Tim Burton. Essa versão muda foi recentemente restaurada pelo British Film Institute, utilizando a única cópia do filme ainda existente, e apresentada com cenas tingidas de várias cores, recuperando o formato em que havia sido exibida na época. O curta, com cerca de 10 minutos, foi relançado oficialmente em fevereiro deste ano. A película original está em péssimas condições de conservação, mas isso não atrapalha o prazer de conhecer essa relíquia fílmica, que apresenta efeitos visuais surpreendentes para uma obra realizada ainda nos primórdios da arte cinematográfica. Para baixar no seu computador o filme original, clique aqui. A versão disponível para download é cerca de dois minutos mais curta do que a restaurada e está sem o tingimento colorido, mas vale o clique mesmo assim.

sábado, 24 de abril de 2010

The Image (1967)


   Curta-metragem inglês de horror experimental, sem diálogos, realizado pelo estreante Michael Armstrong e protagonizado pelo também debutante David Bowie, então com 20 anos e já se aventurando pelo mundo das artes, na música e no cinema. Um jovem pintor (Michael Byrne) é assombrado pela imagem de seu quadro, que cria vida na forma do sinistro, fantasmagórico e muito anêmico Bowie. O artista se desespera e faz o possível para se livrar de sua criação, esfaqueando seguidas vezes a imagem que teima em persegui-lo.
   O filmete causou impacto suficiente para garantir a Armstrong, na época com apenas 23 anos, a oportunidade de realizar seu primeiro longa-metragem, The Haunted House of Horror (1969). O diretor queria novamente seu amigo David Bowie no papel principal, mas teve que se render à predileção do produtor Tony Tenser por Mark Wynter, um astro pop com a carreira em decadência. O filme, produzido pela Tigon, tem ainda Frankie Avalon, Jill Haworth e Dennis Price no elenco. A Tigon foi outra das rivais da Hammer no mercado de horror britânico (ao lado da Amicus e, mais tarde, da Tyburn), produzindo obras como The Blood Beast Terror (1968), Witchfinder General (1968), Curse of the Crimson Altar (1968), Blood on Satan’s Claw (1971) e Doomwatch (1972).
   O promissor Armstrong a seguir foi para a Alemanha filmar o polêmico Hexen bis aufs Blut gequält (Mark of the Devil, 1970), com Herbert Lom, Udo Kier, Olivera Vuco e Reggie Nalder, um dos filmes mais violentos do gênero e dever-de-casa para qualquer fanático por torture porn. Depois desses dois filmes promissores, Armstrong praticamente desapareceu do mapa e não realizou mais nenhum trabalho relevante, até ressurgir em 1983 como roteirista de A Mansão da Meia-Noite, dirigido por Pete Walker.
   Quanto a David Bowie, vale comentar que o camaleão do rock sempre levou sua carreira como ator mais seriamente do que a maioria dos seus colegas roqueiros, como John Lennon, Mick Jagger e Bob Dylan, que cometeram extravagâncias em celulóide aparentemente por pura fanfarronice. Bowie tem créditos consideráveis nas telas, incluindo contribuições ao cinema fantástico em filmes como O Homem Que Caiu na Terra, Fome de Viver, Labirinto e Twin Peaks: Os Últimos Dias de Laura Palmer.
   O curta The Image foi filmado no período de três dias, em setembro de 1967, e ficou relegado ao esquecimento durante anos. Foi remontado em 1984, quando uma cretina trilha sonora eletrônica foi gravada para substituir a música original, muito mais climática e adequada à narrativa arrepiante, surreal e inquietante do filme. A versão disponível aqui é a original, pois somos puristas e inimigos mortais da nojenta década da new wave.

Enquete: Encarnação do Demônio

   A breve enquete - que durou apenas cinco dias - sobre as impressões dos leitores acerca do filme Encarnação do Demônio, de José Mojica Marins, teve participação apenas modesta dos visitantes, mas terminou com arrasadores 85% a favor de “vi e gostei”. Outros 10% disseram “não vi ainda, mas pretendo ver”, e poderão fazê-lo hoje à noite, às 23 horas, pois o filme será reprisado no Canal Brasil. Apenas um visitante, representando 5%, cravou “não vi e nem pretendo ver”, enquanto que ninguém clicou em “vi e não gostei”, o que parece um voto de aprovação à obra-testamento de Mojica.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

A Nightmare on Elm Street (2010)

The Flesh and Blood Show (1972)

   Um ano depois do lançamento do thriller Die Screaming Marianne (1971), o britânico Pete Walker voltou ao horror aderindo ao estilo de cinema que se convencionou rotular de grand guignol, a violência física e explícita, repleta de cenas de mutilação e esquartejamento. Sua associação com essa tendência não poderia ter surgido de maneira mais significativa do que com o shocker The Flesh and Blood Show (1972), cujo cenário é justamente o palco de um teatro especializado em espetáculos sensacionalistas. O enredo proposto pelo roteirista Alfred Shaughnessy é simples e ordinário: um grupo de jovens atores se reúne num velho teatro abandonado localizado num pier desativado, onde a trupe deve ensaiar uma comédia erótica. Porém, pouco depois de chegarem ao local, os jovens começam a ser mortos brutalmente por um homicida misterioso. A premissa é similar às tramas de mistério e assassinato de Agatha Christie, incrementado com banho de sangue e criatividade homicida, com uma contagem de cadáveres digna dos exemplares slasher que surgiriam nos próximos anos.


   O cenário isolado, arrepiante e sinistro como qualquer teatro vazio, é ideal para provocar sustos e sobressaltos, mas o excesso de personagens - e, consequentemente, de potenciais suspeitos - acaba tornando a trama um bocado tediosa de se acompanhar. Curiosamente, a premissa não é muito diferente de Ensaio Geral: A Noite das Fêmeas (1976), interessante suspense dirigido por Fauzi Mansur, no qual também acontece uma série de crimes misteriosos em meio a um grupo teatral. Pete Walker compensa da maneira mais básica a carência de maiores qualidades no roteiro: cenas de sexo. O elenco de beldades escalada para o filme é notável, todas aparecendo mais do que à vontade em cena, mostrando que Walker ainda não havia se livrado totalmente dos vícios de sua carreira no sexploitation.
   O diferencial do filme é a sequência final de flashback, rodada em 3D, quando é revelada a identidade do assassino, mas infelizmente esse trecho está em preto e branco na versão lançada em DVD, perdendo todo o efeito tridimensional. Mais convencional e careta do que a investida anterior de Pete Walker no cinema de horror, The Flesh and Blood Show é também mais divertido do que seu predecessor. Não oferece grandes desafios intelectuais e é narrado sem maiores ambições, porém é um prazeroso exemplar baseado na tradicional fórmula de pessoas presas num lugar sombrio e ameaçadas por um assassino misterioso. Nos filmes seguintes, Walker enfim mostraria ao que veio e passaria a exercer um estilo mais único.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Mulher Objeto (1981)


   Dirigido por Sílvio de Abreu em 1981, antes de ele se tornar um noveleiro de mão cheia, Mulher Objeto é um drama de suspense que reforça o conceito de que o cinema popular brasileiro exige urgente revisão, em especial o subgênero conhecido como pornochanchada, que na cabeça da maioria das pessoas ainda é sinônimo de comédia erótica apelativa.
   Enfileirando referências que passam por obras hitchcockianas como Marnie, Psicose e Os Pássaros, o filme é protagonizado por Helena Ramos - num impressionante tour-de-force - no papel de uma bela porém problemática mulher, traumatizada na infância, que não consegue fazer sexo com o marido (Nuno Leal Maia), mas fica excitada a todo momento, nas situações mais banais, atormentada por pesadelos eróticos nos quais é possuída por outros homens.
   Mais um filme para engordar a lista de obras nacionais que flertam com o horror psicológico, é um tanto longo demais, com duras horas de duração, porém destaca algumas sequências de flashback bem encenadas e um teor erótico bastante ousado. No vídeo acima, Ivan Cardoso recomenda o filme com sua indefectível empolgação.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Helena Ramos

   Acabei de assistir Mulher, Mulher (1979), outra belíssima obra assinada por Jean Garrett e mais uma vez constatei o talento notável do diretor, o qual cada vez mais comparo com o francês Jean Rollin, tanto na sensibilidade artística quanto no fascínio pelo fantástico e maravilhoso, na habilidade de construir ambientações oníricas e abordar o horror de raízes existencialistas. O aspecto negativo é que o deslumbramento que tenho a cada filme que vejo vem acompanhado pela frustração de não poder conversar com um artista com tamanha riqueza de idéias, o qual tenho certeza que hoje seria redescoberto dignamente pelos entusiastas do horror nacional.
   Claro, o filme também tem a esplendorosa Helena Ramos. Para homenageá-la, me inspirei nesta imagem de Allison Hayes e fiz esta montagem fotográfica capturando meia dúzia de frames do filme. Usando a mágica do PhotoShop, reconstruí esse mulherão para dar de presente a vocês. Tentei fazer as emendas um pouco menos perceptíveis, mas a qualidade da cópia não é das melhores. Em breve escreverei sobre o filme aqui no blog, juntamente de outras obras que alimentam essa deliciosa discussão do que é o horror no cinema brasileiro.
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