CRÍTICAS, ANÁLISES, IDÉIAS E FILOSOFIAS EM GERAL A RESPEITO DE FILMES DE HORROR DE TODAS AS ÉPOCAS, NACIONALIDADES E ESTILOS, E MUITAS OUTRAS COISAS RELACIONADAS AO GÊNERO

segunda-feira, 28 de junho de 2010

SP Terror 2010

   Acontece entre os dias 1º e 8 de julho o II SP Terror, o Festival Internacional de Cinema Fantástico da cidade de São Paulo, que parece finalmente ter entrado de vez no calendário do cinema de gênero no Brasil. A mostra Competitiva Internacional deste ano traz os filmes Buratino: Filho do Pinóquio, A Centopéia Humana (Primeira Sequência), Dura Vingança, Milly: Batalha Sangrenta, Espíritos Negros, Kappa da Morte, The Crazies: A Epidemia e Survival of the Dead. A Competitiva Ibero-Americana tem E.S.O.: Entidade Sobrenatural Oculta, Ingrid, O Legado de Valdemar, Operação Cannabis e O Sinistro. O evento inclui ainda uma mostra retrospectiva da obra de Takashi Miike e programas especiais - como a exibição do espanhol Rec 2 - e uma pequena programação de curtas.
   As sessões acontecem no Reserva Cultural e no Cinesesc; para conferir tudo sobre o festival, clique aqui. Lamento não poder participar do festival novamente, pois não estarei na cidade de São Paulo nas primeiras semanas de julho, mas deixo meus parabéns a todos os envolvidos no evento, capitaneado por Betina Goldman e organizado por João da Terra Marconato, Alexandre Nakahara e Vitor Meloni. Tomara que este seja apenas o segundo de muitos festivais de horror de São Paulo, pois a maior metrópole da América do Sul não pode ficar sem um evento desta magnitude. Os paulistanos aficionados por horror certamente concordam comigo e devem prestigiar o festival para que ele volte sempre para nos assombrar.

domingo, 27 de junho de 2010

Mangue Negro no Canal Brasil


   A legião de admiradores de Mangue Negro tem mais um motivo para festejar: o filme estréia hoje no Canal Brasil, às 22h30, com reprise na madrugada do dia 29, em verdadeiro horário de zumbi, às 4h30. Para quem apostou no filme como o representante de uma nova maneira de se fazer cinema no Brasil (e o melhor: cinema de gênero!), essa é outra grande conquista. Por mais que a gente valorize outros bravos realizadores amadores que se dedicam ao gênero com produções feitas aos trancos e barrancos, existe um abismo entre o talento artístico de Rodrigo Aragão e todos os demais. Pelo menos por enquanto. Torcemos sempre para que surjam novos talentos.
   Não tenho certeza, mas acredito que seja a primeira vez que chega à telinha do Canal Brasil um filme de ficção praticamente amador (não podemos usar o termo ‘cinema independente’ em nosso precário cenário nacional, onde quase tudo é independente!).


   A chegada do filme à programação da TV por assinatura foi devidamente registrada nas páginas da revista Monet, numa excelente matéria assinada por Dafne Sampaio, a qual reproduzo nesta postagem. Quem ainda não viu Mangue Negro, esta é mais uma ótima oportunidade de se conhecer a auspiciosa estréia de Rodrigo no longa-metragem, enquanto aguardamos o lançamento do igualmente promissor A Noite do Chupacabras.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Saturn Awards 2010

   Aconteceu ontem à noite, em Burbank, na Califórnia, a 36ª cerimônia de entrega do Saturn Awards, prêmio criado em 1972 por Donald A. Reed, um dos fundadores da Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films. Espécie de equivalente do Oscar para os filmes de ficção científica, fantasia e horror, o Saturn está cada vez mais parecido com o prêmio mais famoso de Hollywood, não apenas porque nos últimos anos tem dado mais preferência aos blockbusters, mas também pelo grande número de categorias que cria a cada nova edição - a deste ano tem 18 itens só em cinema.
   O Saturn também elege os melhores programas de televisão (Lost, Dexter, True Blood e coisas do tipo) e os mais importantes lançamentos em DVD, porém listei abaixo apenas os prêmios de cinema, pois são bem mais interessantes.
   A megaprodução Avatar, de James Cameron, conquistou o troféu em todas as dez categorias nas quais foi indicado, vingando em grande estilo o retumbante fracasso no Oscar no começo do ano. James Cameron também levou para casa o Visionary Award. O maior derrotado da noite foi Sherlock Holmes, que não faturou nenhum dos oito Saturn que concorreu. O prêmio de melhor filme de horror mais uma vez foi para o delicioso Arraste-me para o Inferno, que já havia conquistado o Scream Awards e comprova que o retorno de Sam Raimi ao gênero foi muito bem recebido. Outros prêmios especiais homenagearam Roberto Orci e Alex Kurtzman (George Pal Memorial Award), Lauren Shuler Donner (Producers Showcase Award) e Irvin Kershner (Life Career Award).

Melhor Filme de Ficção Científica

Avatar (20th Century Fox)
O Livro de Eli (Warner Bros)
Presságio (Summit Entertainment)
Lunar (Sony Pictures Classics)
Star Trek (Paramount)
Transformers: A Vingança dos Derrotados (Paramount)
X-Men Origens: Wolverine (20th Century Fox)

Melhor Filme de Fantasia

Harry Potter e o Enigma do Príncipe (Warner Bros)
Um Olhar do Paraíso (Paramount)
Te Amarei para Sempre (Warner Bros.)
Watchmen: O Filme (Warner Bros.)
Onde Vivem os Monstros (Warner Bros.)

Melhor Filme de Horror

A Caixa (Warner Bros.)
Arraste-me para o Inferno (Universal)
Pânico na Neve (Anchor Bay Films)
A Última Casa (Rogue / Universal)
A Saga Crepúsculo: Lua Nova (Summit Entertainment)
Zumbilândia (Sony)

Melhor Filme de Ação / Aventura / Suspense

2012 (Sony)
Brothers (Lionsgate)
Guerra ao Terror (Summit Entertainment)
Bastardos Inglórios (The Weinstein Co.)
Código de Conduta (Overture)
O Mensageiro (Oscilloscope Pictures)
Sherlock Holmes (Warner Bros.)

Melhor Ator

Robert Downey Jr., Sherlock Holmes
Tobey Maguire, Brothers
Viggo Mortensen, A Estrada
Sam Rockwell, Lunar
Denzel Washington, O Livro de Eli
• Sam Worthington, Avatar

Melhor Atriz

Catherine Keener, Onde Vivem os Monstros
Melanie Laurent, Bastardos Inglórios
Alison Lohman, Arraste-me para o Inferno
Natalie Portman, Brothers
• Zoe Saldana, Avatar
Charlize Theron, Vidas Que Se Cruzam

Melhor Ator Coadjuvante

Woody Harrelson, Zumbilândia
• Stephen Lang, Avatar
Frank Langella, A Caixa
Jude Law, Sherlock Holmes
Stanley Tucci, Um Olhar do Paraíso
Christoph Waltz, Bastardos Inglórios

Melhor Atriz Coadjuvante

Malin Akerman, Watchmen: O Filme
Diane Kruger, Bastardos Inglórios
Rachel McAdams, Sherlock Holmes
Lorna Raver, Arraste-me para o Inferno
Susan Sarandon, Um Olhar do Paraíso
• Sigourney Weaver, Avatar

Melhor Ator Jovem

Taylor Lautner, A Saga Crepúsculo: Lua Nova
Bailee Madison, Brothers
Brooklynn Proulx, Te Amarei para Sempre
Max Records, Onde Vivem os Monstros
• Saoirse Ronan, Um Olhar do Paraíso
Kodi Smit-McPhee, A Estrada

Melhor Diretor

J.J. Abrams, Star Trek
Kathryn Bigelow, Guerra ao Terror
Neill Blomkamp, Distrito 9
• James Cameron, Avatar
Guy Ritchie, Sherlock Holmes
Zack Snyder, Watchmen: O Filme
Quentin Tarantino, Bastardos Inglórios

Melhor Roteiro

Neill Blomkamp e Terri Tatchell, Distrito 9
• James Cameron, Avatar
Spike Jonze e Dave Eggers, Onde Vivem os Monstros
Alex Kurtzman e Roberto Orci, Star Trek
Quentin Tarantino, Bastardos Inglórios
Alex Tse e David Hayter, Watchmen: O Filme

Melhor Música

Brian Eno, Um Olhar do Paraíso
Michael Giacchino, Altas Aventuras
• James Horner, Avatar
Taro Iwashiro, A Batalha dos Três Reinos
Christopher Young, Arraste-me para o Inferno
Hans Zimmer, Sherlock Holmes

Melhor Figurino

Colleen Atwood, Nine
Jenny Beavan, Sherlock Holmes
Anna Sheppard, Bastardos Inglórios
Jany Temime, Harry Potter e o Enigma do Príncipe
• Michael Wilkinson, Watchmen: O Filme
Tim Yip, A Batalha dos Três Reinos

Melhor Maquiagem

• Barney Burman, Minday Hall e Joel Harlow, Star Trek
Joe Dunckley, Sarah Rubano e Frances Richardson, Distrito 9
Sarah Monzani, O Mundo Imaginário de Dr. Parnassus
Gregory Nicotero e Howard Berger, O Livro de Eli
Gregory Nicotero e Howard Berger, Arraste-me para o Inferno
Mike Smithson e John Rosengrant, O Exterminador do Futuro: A Salvação

Melhor Desenho de Produção

• Rick Carter e Robert Stromberg, Avatar
Scott Chambliss, Star Trek
Stuart Craig, Harry Potter e o Enigma do Príncipe
Sarah Greenwood, Sherlock Holmes
Philip Ivey, Distrito 9
Alex McDowell, Watchmen: O Filme

Melhores Efeitos Especiais

Tim Burke, John Richardson, Nicholas Aithadi e Tim Alexander, Harry Potter e o Enigma do Príncipe
John DesJardin, Peter G. Travers, Joel Whist e Jessica Norman, Watchmen: O Filme
Volker Engel, Marc Weingert e Mike Vezina, 2012
Roger Guyett, Russell Earl, Paul Kavanagh e Burt Dalton, Star Trek
Dan Kaufman, Peter Muyzers, Robert Habros e Matt Aitken, Distrito 9
• Joe Letteri, Stephen Rosenbaum, Richard Baneham e Andrew R. Jones, Avatar

Melhor Filme Internacional

Distrito 9 (Sony)
O Mundo Imaginário de Dr. Parnassus (Sony Pictures Classics)
O Silêncio de Lorna (Sony Pictures Classics)
A Batalha dos Três Reinos (Magnolia)
Busca Implacável (20th Century Fox)
Sede de Sangue (Focus Features)

Melhor Filme de Animação

Os Fantasmas de Scrooge (Walt Disney Studios)
O Fantástico Sr. Raposo (20th Century Fox)
Era do Gelo 3 (20th Century Fox)
Monstros vs. Alienígenas (Paramount/DreamWorks)
A Princesa e o Sapo (Walt Disney Studios)
Altas Aventuras (Walt Disney Studios/Pixar)

domingo, 20 de junho de 2010

Enquete: Almas Mortas

   A enquete sobre qual é o melhor filme de horror e suspense dirigido por William Castle terminou com a vitória previsível de Strait-Jacket (1964), com 62% dos votos. Também foram votados House on Haunted Hill (1959), com 21%, The Tingler (1959), com 9%, e Macabre (1958) e Mr. Sardonicus (1961) empatados com 1 voto cada (3%). Não foram votados os filmes 13 Ghosts (1960), Homicidal (1961), 13 Frightened Girls! (1963), The Old Dark House (1963), The Night Walker (1964), I Saw What You Did (1965), Let’s Kill Uncle (1966), The Busy Body (1967), The Spirit Is Willing (1967) e Shanks (1974).
   Prometo para mais tarde alguma postagem mais completa sobre o legado de horror de William Castle, mas por enquanto deixo apenas este belo cartaz do filme mais espetacular do “Mestre do Choque”.

sábado, 19 de junho de 2010

Ídolos: Casa da Colina


   Odeio reality shows. Simplesmente odeio, não suporto ver nenhum. Na verdade, nunca assisti, mas não me interesso na coisa. O único que achei interessante - e mesmo assim não assisti - era um programa argentino que anunciou que ia escolher o melhor roteiro de um curta-metragem a ser filmado numa casa supostamente mal-assombrada. Não sei que fim isso levou, mas o que importa é que o tema casa mal-assombrada nos traz a este bizarro trecho do programa Ídolos, exibido na Record, com o qual esbarrei por acidente.
   O trecho mostra o candidato André Marques, de 19 anos, um sujeito que não consegue nem falar direito, pagando mico em rede nacional interpretando uma canção de sua autoria, chamada “Casa da Colina”, diante dos três jurados do programa. A música é... assim, uma coisa de doido. Tão fascinande, na verdade, que não resisti à tentação de transcrever a letra: “A casa é má, baby, lá tem fantasmas, yeah yeah, é mal-assombrada, viu?, e fantasmas moram na casa da colina. Vou passar um dia nessa casa cheia de espíritos, yeah. Vou levar muitos sustos, não vai ter futebol. Casa mal-assombrada, yeah yeah. Casa mal-assombrada... Casa da colina. Eu vou passar um dia nessa casa cheia de espíritos. Venha comigo, vou te levar... Casa da colina...”. A parte do futebol é um enigma total, adorei.
   Se essa postagem não receber nenhum comentário, vou entender. Também fiquei sem palavras.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Ensaio Sobre a Cegueira (2008)

Homenagem a José Saramago (1922-2010).


   Na minha opinião, este é uma espécie de filme de zumbi disfarçado, mais cerebral do que visceral, mas ainda assim um exemplo das possibilidades do horror no cinema. Não que muita gente concorde comigo, mas isso é outra história. O português José Saramago escreveu o livro em 1995 e foi premiado com o Nobel de Literatura em 1998. A adaptação de Fernando Meirelles leva às telas a história de uma inexplicável epidemia de cegueira, altamente contagiosa, que atinge inúmeras pessoas de uma metrópole indefinida. Os infectados são recolhidos a abrigos, onde são precariamente alimentados e cuidados, e para onde mais vítimas são enviadas a cada dia. Uma mulher imune ao contágio diz estar cega para ficar em quarentena com o marido infectado, sendo a única pessoa no local capaz de enxergar. É dramático e apocalíptico, às vezes assustador e cruel, mas também esperançoso, uma parábola sobre o desmoronamento da sociedade a partir de uma fraqueza humana.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Banglar King Kong (2010)


   Outra versão de King Kong, desta vez uma produção de Bangladesh em ritmo de Bollywood. Perfeito para os defensores do cinema ‘simples e ingênuo’ feito lá pelas bandas do sul da Ásia, para intelectuais, descolados e fãs de absurdos em geral. Resumindo: o cinema deles evoluiu ao estágio dos Trapalhões na década de 1970. O mais difícil de acreditar é que se trata de um filme de 2010. Isso mesmo, essa é uma produção deste ano, não uma relíquia de 30 anos atrás. O trailer é inacreditável. Kong canta. E dança. E a galera vibra com mais uma celebração do trash sem noção e sem vergonha na cara.

domingo, 13 de junho de 2010

Saul Steinberg: The Trouble with Harry (1955)


   Muito da genialidade de Alfred Hitchcock se deve à sensibilidade do cineasta de se associar aos melhores artistas de suas respectivas áreas, quase sempre nomes de vanguarda, com quem formou parcerias memoráveis. Sua associação com talentos como Bernard Herrmann, Edith Head, Robert F. Boyle, Saul Bass e até Salvador Dalí é lembrada com alguma frequência, mas Hitch também contou com a arte de gente como Samuel Hoffman, o grande mestre do theremin, Oskar Sala, pioneiro da música eletrônica, e Ub Iwerks, animador do primeiro time de Walt Disney.


   Outro gigante que colaborou com Hitchcock foi o cartunista Saul Steinberg (1914-1999), que desenhou a sequência de abertura (sem receber crédito) da deliciosa comédia macabra O Terceiro Tiro, de 1955. Quem chamou minha atenção a esse detalhe foi meu amigo Edson Negromonte, que reconheceu os traços de Steinberg quando assistiu o filme, pelo menos duas décadas atrás. Na época eu não consegui encontrar nenhuma referência a isso, podendo recorrer apenas aos livros que tinha sobre Hitchcock. Recentemente, com a facilidade de se pesquisar na internet, pude confirmar que de fato foi Steinberg quem desenhou a imagem que aparece numa panorâmica durante os créditos iniciais.


   O cartunista nasceu na Romênia e migrou para os Estados Unidos para fugir do regime anti-semita que se alastrou pela Europa em meados da década de 1930. Ficou famoso principalmente por seu trabalho para a revista The New Yorker, onde começou a publicar em 1942 e, em mais de 50 anos de intensa produção, desenhou quase 90 capas e assinou mais de 1200 desenhos. Seu traço moderno, econômico e despretensioso revolucionou a ilustração comercial e influenciou gerações de desenhistas. Hoje esse estilo remete imediatamente ao frescor otimista da década de 1950, perfeitamente representado pela The New Yorker e também pela obra de Hitchcock, que em O Terceiro Tiro aborda o estilo de vida americano com seu peculiar senso de humor macabro.


   Capturei essas imagens diretamente do DVD do filme, pulando os quadros nos quais aparecem o nome dos atores e da equipe técnica. Também montei esses frames lado a lado para formar essa imagem panorâmica que coloquei abaixo (clique sobre a imagem para ampliar), que dá uma visão mais completa da ilustração de Steinberg.


sábado, 12 de junho de 2010

Irving Block: Macabre (1958)


   Talvez o detalhe menos valorizado de um filme sejam os seus créditos de abertura, mas não para mim, o defensor dos fracos e oprimidos no cinema, exaltador dos heróis não celebrados do horror. A arte de desenhar créditos de filmes só passou a ser valorizada me meados dos anos 1950, quando surgiu o nome de Saul Bass, cujo trabalho se destacou em comédias, épicos de aventura e em alguns dos melhores filmes de Hitchcock.


   Falando em Hitch... seu discípulo mais empenhado, o espertalhão William Castle, parece ter se inspirado nos graciosos créditos de abertura de O Terceiro Tiro (1955) quando realizou seu primeiro filme de horror, Macabro (1958). O estilo não é o mesmo, mas o humor negro certamente sim. Não fica muito claro quem se encarregou dos desenhos animados que aparecem ao final do filme, creditando coletivamente os nomes de Jack Rabin, Louis DeWitt e Irving Block (confira a ilustração do caldeirão). Os três são conhecidos técnicos de efeitos especiais e produtores associados, principalmente em filmes de ficção científica da década de 50, mas é provável que Block tenha cuidado dos desenhos, seguindo o estilo de alguns populares cartoons da época.


   Reparem que quem vem dirigindo o carro que abre o cortejo fúnebre (na primeira ilustração) é ninguém menos do que o próprio William Castle, com sua queixada inconfundível e a pose de magnata do cinema. Macabro é uma realização apenas modesta, que não pode ser comparada aos clássicos do horror que William Castle assinaria pelos próximos anos, mas já demonstra o estilo que o consagraria como ‘o mestre do choque’.


A Velha Casa Assombrada


   O diretor voltaria a recrutar um artista de traços sinistros e humor negro na comédia (um tanto sem graça) A Velha Casa Assombrada, de 1963, quando contratou o cartunista Charles Addams - criador da adorável Família Addams - para desenhar os créditos de abertura. Esses desenhos são a melhor coisa do filme - e isso se refere mais ao decepcionante resultado final dessa parceria entre Castle e a produtora Hammer do que necessariamente ao talento do cartunista.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Lançamento do filme A Sina do Aventureiro em DVD

   O faroeste A Sina do Aventureiro, primeiro filme dirigido por José Mojica Marins, entre 1957 e 58, chega ao formato DVD num lançamento independente produzido por Marcelo Colaiacovo. O lançamento acontecerá amanhã, dia 10 de junho, a partir das 19h30, na Saraiva Megastore do Center Norte, shopping localizado na Travessa Casalbuono, 120, na Vila Guilherme, em São Paulo.
   Mojica estará presente para participar de um bate-papo com seus admiradores e contar curiosidades sobre o filme - realizado no pioneiro sistema GiganTela, um CinemaScope improvisado usando uma lente de projeção usada como lente de filmagem (ou qualquer coisa parecida com isso...) - e de toda a sua carreira artística de mais de meio século. Uma oportunidade imperdível para ver de perto o maior nome do nosso cinema de gênero, um mestre no horror e também no faroeste.

ATUALIZAÇÃO: Acabei de voltar da aventura de acompanhar mais um evento em torno de nosso imortal Mojica. Fiquei meio em dúvida se devia ou não ir, por conta de todos os compromissos atrasados, mas como ando muito preguiçoso, achei que era uma maneira de criar vergonha na cara e sair de casa. O início da jornada foi como toda introdução à Paulicéia Desvairada: uma viagem de 45 minutos que durou quase duas horas, por conta do trânsito falido da metrópole. Logo que chego ao Center Norte, não foi nada difícil encontrar o Mojica: ele era o senhor que uma mãe apontava a uma menininha de uns 5 anos, dizendo “Você viu o Zé do Caixão sentado ali?!”. Avistei a trupe na mesa de uma lanchonete e fui me juntar ao pessoal. Só quem já passeou com o Mojica em lugares públicos pode ter uma idéia do quanto ele é popular!
   Foi divertido ver o Mojica improvisar suas idéias - bem doidas, como sempre - acerca da beleza e feminilidade da mulher brasileira (“exceto as lésbicas e bissexuais!”), sobre o tratamento mais adequado aos estupradores (falando sobre sua nova obra, Corpo Seco) e a perseguição política e religiosa que sempre sofreu das autoridades, desde seu primeiro longa-metragem. Isso tudo e ainda apontando seus filmes prediletos de todos os tempos: O Bebê de Rosemary e ...E o Vento Levou.
   Foi bom demais encontrar velhos e novos amigos como Gio Mendes, Valter Noronha, Luiz Gonzaga dos Santos (diretor de Patty, Mulher Proibida e uma pessoa amável), o grande Virgílio Roveda (câmera e fotógrafo de muitos filmes do Mojica) e os donos da festa, Marcelo Colaiacovo, Tor e a galera dos Zumbis do Espaço. Também tive o prazer de rever meu parceiro de sempre Cid Vale Ferreira, que considero como um irmão mais novo e cujo bate-papo pós-evento foi apenas um trailer de nossas conversas megaprodutivas. Saudades demais disso tudo!
   Agora falando do que interessa a todos: a edição do DVD é primorosa, com embalagem digipak e arte da capa restaurando o cartaz original. Melhor ainda: a edição limitada para colecionador traz de brinde alguns fotogramas originais do filme Delírios de um Anormal, cortados diretamente da película, para o fã do diretor ter na coleção literalmente um pedaço da obra do mestre.
   Por enquanto é segredo (então não espalhem!), mas Colaiacovo planeja continuar resgatando os filmes mais raros de Mojica e trazê-los pela primeira vez ao formato digital. Portanto, vale muito a pena prestigiar esse projeto e investir seus trocados em A Sina do Aventureiro, que custa R$ 32,90 na Saraiva, para que outros tantos venham preencher essa lamentável lacuna nas nossas prateleiras e na história do cinema nacional.
   Dia 18 de junho será realizado outro evento, desta vez para lançar o DVD na Livraria Cultura do Shopping Bourbon, no bairro da Pompéia, em São Paulo, então quem perdeu este ainda tem uma oportunidade de se redimir.

Silly Symphony: The Skeleton Dance (1929)

segunda-feira, 7 de junho de 2010

A Noite do Chupacabras: primeiras fotos

   “Cara, tá ficando mais lindo do que o Mangue Negro!”. São palavras de um empolgado Rodrigo Aragão, depois de vários dias embrenhado na mata capixaba para filmar A Noite do Chupacabras. O filme deve ficar pronto em 2011 e será o segundo longa-metragem de Aragão, que garante que a produção está muito mais organizada do que sua realização anterior, desta vez com equipamento de melhor qualidade e alguns luxos que não tinha à disposição para o Mangue Negro, como iluminação adequada, gelatinas e um diretor de fotografia profissional.


   Estas são algumas das primeiras fotos do filme divulgadas por Rodrigo Aragão, mostrando basicamente o bucólico cenário onde deve transcorrer a ação do filme e a galeria de personagens. Na foto acima vemos Alzir Vaillant, Kika Oliveira (a Rachel de Mangue Negro) e Ricardo Araújo. O diretor por enquanto prefere fazer segredo quanto à aparência da criatura (interpretada por Walderrama dos Santos, o anti-herói de Mangue Negro), que ele garante ser sua mais ousada realização - foi a primeira vez que construiu um monstro de corpo inteiro - mas podemos ver, entre estas fotos, o resultado do ataque do Chupacabras. A última foto tem Joel Caetano, o herói do filme, ao lado da simpática Mayra Alarcón, namorada de Aragão e eventual heroína da trama. Você pode ler um pouco mais sobre os bastidores da produção no blog da Recurso Zero Produções.

Tom & Jerry: Fraidy Cat (1942)

sábado, 5 de junho de 2010

Quem Tem Medo da Verdade? (1970): Grande Otelo


   Quem viu O Despertar da Besta (ou Ritual dos Sádicos), a obra-prima metalinguística realizada em 1970 por José Mojica Marins, certamente se lembra do trecho no qual aparece o cineasta sendo julgado no programa de TV Quem Tem Medo da Verdade?, um autêntico lixo televisivo que nos faz pensar duas vezes antes de dizer que temos saudades dos “bons tempos” da televisão, ou que o sensacionalismo invadiu as telinhas brasileiras apenas recentemente.
   O programa foi ao ar entre os anos de 1968 e 1971, exibido pela TV Record, e tinha como proposta a presunção de julgar ‘culpada’ ou ‘inocente’ alguma figura pública notória, acusando o sujeito dos mais absurdos crimes (que iam da irresponsabilidade social ao alcoolismo ou simplesmente um subjetivo mau gosto). Um júri de celebridades era convidado a cada programa para dar o veredito final, entre eles a figura odiável de Sílvio Luiz, que funcionava como o provocador oficial do programa, tendo como única missão ofender e agredir verbalmente os convidados. Resumindo, alguém que assumia seu péssimo caráter, um instrumento que se sujeitava ao sensacionalismo barato neste veículo concebido única e exclusivamente para dar audiência.
   O programa era produzido e dirigido por Carlos Manga, que era também o apresentador, na posição patética de presidente do júri. Ultrajante, humilhante e inaceitável, Quem Tem Medo da Verdade? infelizmente serviu de escola para todo o lixo que invade a televisão nos dias de hoje, descendo ao nível de programas como o de Luciana Gimenez e outros que afortunadamente sequer sei da existência.


   O episódio postado aqui coloca no banco dos réus ninguém menos do que Grande Otelo, que durante mais de duas horas foi esculhambado publicamente, acusado de alcoolismo e de ter sido negligente com seus compromissos profissionais e sociais, inclusive de ter agredido homens e mulheres devido ao seu vício. No júri estão celebridades como o atleta Adhemar Ferreira da Silva e o compositor Adoniran Barbosa, além de Clécio Ribeiro e Paulo Azevedo, que fazem companhia a Sílvio Luiz no papel de ofender o convidado, o suposto ‘réu’, num desavergonhado festival de hipocrisia.
   Grande Otelo teve a defesa realizada pelo diretor José Carlos Burle, um dos grandes nomes do cinema brasileiro, fundador da companhia Atlântida e realizador de Moleque Tião (1943), filme - hoje considerado perdido - que marcou a estréia de Grande Otelo como protagonista nas telas. Mesmo diante da brilhante defesa de Burle, que destaca o valor de Otelo como artista acima de tudo, o ator foi condenado por seis votos a dois. Talvez seja melhor não levar tão a sério toda essa idiotice e ficar com a inspirada frase final de Adoniran Barbosa ao defender o colega de copo: “Absolvo porque ele é um grande artista e um grande amigo meu e daqui a pouco nós vamos sair por aí tomar umas e outras juntos”.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Dr. Pyckle and Mr. Pride (1925)


   Deliciosa paródia de O Médico e o Monstro com Stan Laurel em seus momentos mais hilariantes. As traquinagens Mr. Pride, assoprando uma língua-de-sogra e lambendo desafiadoramente uma bola de sorvete, são exemplos perfeitos da genialidade nonsense do cinema mudo. A cena da transformação, uma pantomima com todos os exageros possíveis, é uma paródia da versão séria estrelada por John Barrymore cinco anos antes. Um verdadeiro tesouro fílmico! Clique aqui para baixar esse filme em versão DivX.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Buster Keaton: The Haunted House (1921)

Enquete: formatos prediletos de entretenimento de horror

   A enquete sobre a preferência dos leitores deste blog nos diversos formatos de entretenimento de horror terminou com 21 participantes, sendo que 19 votaram em Cinema, totalizando 90% da preferência. Literatura e Quadrinhos, que de certa maneira se completam, vieram a seguir, com 11 votos cada (52%). As demais mídias foram votadas desta maneira, em ordem decrescente: Televisão (42%), Brinquedos (38%), Jogos e Colecionáveis (23%), Teatro (9%) e Música e Rádio (com apenas um voto para cada item, representando míseros 4%).
   A pesquisa tem relação com um novo dispositivo que planejo acrescentar ao blog tão logo seja possível, porém no momento estou completamente sem tempo para me dedicar mais ativamente a este espaço. Os meses de junho e julho serão intensos e turbulentos, com compromissos urgentes se atropelando, mas prometo para breve trazer novidades para os visitantes que prestigiam este espaço. Basta um pouco de incentivo e aquela forcinha amiga que as coisas acontecem, e acima de tudo, que não me abandonem!

terça-feira, 1 de junho de 2010

Motion Picture Comics: When Worlds Collide (1952)

   Não é de hoje que o cinema tem procurado maneiras criativas de destruir o mundo. O cinema apocalíptico existe pelo menos desde a década de 1950, quando os filmes de ficção científica invadiram as telas sem pedir licença. Uma das realizações mais espetaculares deste período foi When Worlds Collide, produção de George Pal com direção de Rudolph Maté, lançada em agosto de 1951 e exibida no Brasil com o eloquente título O Fim do Mundo. O filme, no geral, tem um clima leve, de diversão descompromissada, tendo como principal vedete os espetaculares efeitos visuais, premiado com o Oscar da categoria na ocasião.


   Esta adaptação em quadrinhos da história do filme foi editada em maio de 1952, no número 110 da revista Motion Picture Comics. Curiosamente, a HQ recria a trama de maneira bastante liberal em termos visuais, sem se preocupar em reproduzir os ângulos e enquadramentos do longa-metragem, mas segue o roteiro fielmente. A refilmagem de When Worlds Collide, com direção do indefectível Stephen Sommers, está em fase de pré-produção pela DreamWorks, programada para chegar às telas em 2012 - ano em que, para todos os efeitos, o mundo vai acabar de qualquer maneira, então não faz muita diferença.

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