Conheci Geórgia Gomide, como não poderia deixar de ser, num dos jantares oferecidos por meu grande amigo Jaime Palhinha, na mesma ocasião em que conheci Helena Ramos e Omar Fayed, de quem também tornei-me amigo desde então. Foi um grande choque acordar na manhã deste sábado com a notícia da morte de Geórgia. Seus últimos anos foram tristes e constantemente na ilusão de um retorno às telas, no cinema e na televisão. Ela chegou inclusive a tentar um papel em Encarnação do Demônio. Teria ficado perfeita como uma das bruxas cegas.
Para a maioria das pessoas, Geórgia foi um rosto popular das telenovelas de Globo e afins. Para mim, foi alguém que deixou seu nome marcado também no cinema de horror brasileiro, em pelo menos duas ocasiões. Geórgia foi uma das estrelas de Exorcismo Negro (1974), no qual foi dirigida por José Mojica Marins, integrando um elenco estelar que contou ainda com Jofre Soares, Walter Stuart, Alcione Mazzeo, Marcelo Picchi, Adriano Stuart e Wanda Kosmo. Conversei brevemente com Geórgia sobre a parceria com Mojica, mas ela só pôde lembrar de algumas inofensivas anedotas de bastidores.
A atriz também participou do melodrama espírita O Médium: A Verdade Sobre a Reencarnação (1980), o qual ela dizia se chamar A Longa Noite dos Reencarnados (provavelmente um título provisório), e onde contracena com Ewerton de Castro, Jussara Freire e Paulo Figueiredo, este último também diretor e roteirista da fita. O filme é um dos exemplares ‘marginais’ do horror brasileiro; como outros exemplares espíritas do período, abusa de um certo terrorismo psicológico para impor sua doutrina. Não se trata de um filme de horror, mas definitivamente um com elementos horroríficos, assustadores e trágicos.
Fica registrada aqui a homenagem a Geórgia e a todos que a queriam bem, com um presente a quem quiser conhecer sua vida e carreira: basta clicar aqui para baixar a versão em PDF do livro Geórgia Gomide: Uma Atriz Brasileira, escrito por Eliana Pace e lançado em 2008 dentro da Coleção Aplauso, da Imprensa Oficial.