Agora acho que dá para cravar: o Cinema de Bordas chegou para ficar. O evento chega à sua terceira edição consecutiva, cada vez mais prestigiado e ganhando maior destaque na mídia, abrindo espaço para a produção amadora e semi-amadora de nosso cinema de gênero. E tampouco seria exagero afirmar que é esse o cinema que “dá certo” no Brasil quando falamos de horror, ficção cientifica, fantasia e outros gêneros específicos que fogem da mesmice do nosso cinema “oficial”.
O Cinema de Bordas é organizado por Bernadette Lyra, Gelson Santana e Laura Cánepa, que realizam um trabalho pioneiro de garimpagem e seleção de curtas, médias e longas-metragens que, de outra maneira, dificilmente escapariam do completo anonimato. Nomes como Manoel Loreno (Seu Manoelzinho) hoje convivem lado a lado com realizadores da nova geração, como Rodrigo Aragão, Joel Caetano e Rubens Mello, além de outros que já estão na batalha há mais de uma década, como Petter Baiestorf, Coffin Souza e Felipe M. Guerra. Indo dos menos abastados e isolados social e geograficamente até os cinéfilos mais antenados e cultos, inclusive com formação acadêmica dentro do estudo de cinema, os ‘bordistas’ atualmente formam uma geração que possivelmente carregará a responsabilidade de manter vivo o cinema de gênero no Brasil.
Segue abaixo o comunicado oficial do evento publicado no site do Itaú Cultural.
O Itaú Cultural apresenta a terceira edição da mostra Cinema de Bordas, que reúne filmes produzidos de forma independente, com baixo orçamento e alguns de estética “trash”. São trabalhos que se concentram em narrativas de ficção e fazem proveito de histórias e imagens de outros produtos culturais, como filmes antigos, HQs e seriados. Também é característica dessas produções a adaptação do conteúdo segundo o modo de vida e o imaginário popular das comunidades envolvidas no processo criativo.
Com curadoria de Bernadette Lyra, Gelson Santana e Laura Cánepa, a seleção de filmes foi pautada em três momentos em que a produção foi descentralizada, permitindo a realização dessas obras: nos 1970, com o advento das câmeras VHS; durante os anos 1980, na época de ouro dos fanzines; e atualmente, com a popularização da internet, que permite maior contato entre os produtores e destes com o público interessado.
As exibições, que acontecem de 19 a 24 de abril, são seguidas de bate-papos com alguns realizadores.