CRÍTICAS, ANÁLISES, IDÉIAS E FILOSOFIAS EM GERAL A RESPEITO DE FILMES DE HORROR DE TODAS AS ÉPOCAS, NACIONALIDADES E ESTILOS, E MUITAS OUTRAS COISAS RELACIONADAS AO GÊNERO

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Horror no Cinema Brasileiro - 10 a 16 de fevereiro


   Não está morto o que não está enterrado. Ou melhor, mesmo o que jaz sete palmos abaixo da terra pode voltar para nos aterrorizar quando menos esperamos... Claro, estou falando deste blog morto-vivo, abandonado há meses como a mais tenebrosa casa mal-assombrada... Não era a minha intenção, é penoso largar um filho quando ele começa a criar personalidade, mas se é que existe um consolo nisso tudo, pelo menos o motivo foi justificável: não foi falta de assunto, interesse ou repercussão, mas absoluta falta de tempo! No último semestre fiquei ocupado com uma série de compromissos profissionais que me propiciaram participar de eventos como o Fantaspoa, RioFan e CineFantasy, os maiores festivais de cinema fantástico do Brasil, além dos cursos de cinema que regularmente levo a Porto Alegre pela produtora Cena Um. Também tive o privilégio de fazer parte da espetacular Mostra Hitchcock realizada no CCBB de São Paulo, com uma aula magna para uma plateia de altíssimo nível que lotou o cinema (e, ainda por cima, cercado de obras do genial E.C. Escher por todos os lados!). Igualmente memorável foi o agosto passado em Fortaleza, onde ministrei na Vila das Artes um curso de um mês de duração que passeou pelo cinema de horror desde os filmes mudos até as obras inigualáveis de José Mojica Marins, tema de uma mini-retrospectiva no evento. Depois, de volta para casa, ainda pude falar um pouco sobre a carreira de Vincent Price num rápido evento realizado no SESC Osasco.
   Feita a justificativa de tão absurdo abandono, vamos ao motivo desse glorioso retorno: começa na Cinemateca de São Paulo, na madrugada de sexta-feira, dia 10 de fevereiro, o ciclo Horror no Cinema Brasileiro, dedicado à exibição de longas-metragens nacionais desse gênero. O projeto, com curadoria de Eugênio Puppo, é um desdobramento da pioneira mostra idealizada por mim e por Laura Cánepa e produzida pela Heco, em 2009, que exibiu 25 dos mais importantes filmes brasileiros de horror no CCBB de Brasília e do Rio de Janeiro. Foi o primeiro passo de um audacioso projeto que pretende registrar toda a história do horror nas telas brasileiras.
   A ideia da mostra cresceu e a reencarnação paulista do evento ganhou um espaço fixo com sessões regulares: todo mês, três filmes diferentes serão exibidos numa maratona noite adentro, e depois reprisados ao longo da semana seguinte. Os títulos escolhidos para essa sessão inaugural não poderiam ser mais representativos: começa à meia-noite com O Despertar da Besta (1969), a obra-prima delirante de José Mojica Marins, seguido de Ninfas Diabólicas (1978), uma das obras mais importantes de John Doo - infelizmente falecido há poucos dias - e que não fez parte da mostra original de Brasília e do Rio de Janeiro, e, fechando a noite, O Maníaco do Parque (2002), de Alex Prado, filme que foi concluído somente em 2009 graças a esforços da Heco e da equipe organizadora do evento.
   Desta maneira, inicia-se um monumental resgate do cinema de horror brasileiro - algo sequer pensado até este momento - e que trará ainda muitas surpresas e filmes que são cultuados ainda por poucos, mas que despertam a curiosidade de muitos cinéfilos que até o momento só ouviram falar de tais pérolas, mas nunca puderam conferi-las. Entre os cineastas que serão contemplados com exibições nas próximas sessões provavelmente estarão nomes como Walter Hugo Khouri, Carlos Hugo Christensen, Júlio Bressane e Elyseu Visconti Cavalleiro. O êxito dessas sessões, com presença maciça dos amantes do cinema nacional e de filmes de horror em geral, será determinante para que o espaço continue sendo ocupado por esse evento. O Brasil tem pelo menos duzentos filmes de horror que merecem ser vistos e descobertos pelos aficionados pelo tema e que, até agora, sequer desconfiam de sua existência.
   Confira o material de apresentação do evento no site da Cinemateca, com serviço completo, incluindo endereço, fichas técnicas e sinopses.

9 comentários:

  1. Trata-se de um esforço maravilhoso, não há dúvida disso. Eu, amante do cinema de terror, mal conheço os filmes brasileiros do gênero. Uma pena que eu não more em São Paulo...

    Carlos, espero que você retorne pra blogosfera de vez amigo. Também estive afastado durante alguns meses; mas está na hora de voltar com força total!
    Abraço

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  2. J. Luca, estou tentando voltar aos poucos, mas realmente está faltando tempo... Esse resgate do cinema de horror brasileiro é algo a que me dedico ao máximo, pois acho que é minha obrigação colocar meus esforços a serviço de algo tão precioso e negligenciado. O sonho se completaria se todo esse material ficasse disponível ao grande público, na TV, DVD ou mesmo de maneira oficial e legalizada na internet. Pena que por enquanto é só um sonho...

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  3. Que bom ver esse blog na ativa depois de tanto tempo! Espero que as postagens continuem frequentes. E parabéns à equipe organizadora da mostra de horror brasileiro! :-)

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  4. Infelizmente, os diretores brasileiros mais reconhecidos pela mídia nunca deram a devida importância ao Cinema de Terror (com exceção, evidentemente, do José Mojica Marins). Por isso mesmo, há várias e várias jóias do terror que permanecem tão desconhecidas no Brasil (ao mesmo tempo em que nos chegam tantas bombas vindas dos Estados Unidos...).
    Mas, apesar de tudo, os filmes de terror brasileiros não deixam de ter o seu público, né?

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  5. Pois é, o que há de melhor no "horror" brasileiro muitas vezes sequer é tratado como tal. E acho que existe mais interesse - ou, menos, a manifestação de algum interesse - pelos filmes de horror brasileiro do que propriamente um "público". Mas vamos ver como rola essa sessão inaugural desse espaço, pois depende muito do sucesso de público para que esse evento prossiga, e trazendo muita coisa boa para os fãs do gênero e do cinema brasileiro como um todo!

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  6. Eu apreciei muito essa iniciativa, eu apenas acho ruim que os filmes não vão ser exibidos nos fins de semana durante o dia. Nem todo mundo pode ficar acrodado de madrugada, semn a possilidiade de metrô para voltar para casa ou assistir os filmes em dia de semana.

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  7. Carlos fiquei sabendo que voce foi premiado recentemente com o troféu Georgia Gomide, em badalado jantar que reuniu vários artistas; conta como foi, e já agora parabéns pelo premio!
    francisco dantas

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  8. Olá, Francisco! Sim, fui um dos agraciados com o prêmio entregue pelo historiador de cinema e jornalista Jaime Palhinha, que não por acaso é um grande amigo meu, o que me torna suspeito como escolhido para tal honra, mas vamos fazendo o possível para manter a memória do cinema vivo, em especial o cinema brasileiro. O jantar, como muitas vezes na casa do Jaime, foi um capítulo à parte, um banquete digno de deixar muita orgia romana envergonhada! Obrigado pela visita ao meu blog - que anda meio deixado de lado ultimamente, por motivos alheios à minha vontade - e um grande abraço!

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