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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

The Vampyre; A Tale (1819)

   Atendendo a uma sugestão do Blob, decidi deixar registrada aqui uma modesta homenagem ao Lorde Byron (1788-1824) neste ciclo vampírico. Qualquer pessoa que tenha um mínimo de interesse em cultura macabra inevitavelmente se apaixona pela figura de Byron, por tudo que ele representa e pela turminha barra-pesada que o acompanhava em suas noitadas. Para ficar apenas no básico, Byron e seus amigos praticamente inventaram a literatura fantástica depois de uma noite de farra na Villa Diodati, em Genebra (Suíça), em 1816, quando um desafio entre colegas poetas resultou em Frankenstein, de Mary Shelley, e The Vampyre, de John Polidori.
   O processo de criação da seminal história de vampiro de John William Polidori (1795-1821) - fruto de uma espécie de concurso sobre qual deles era capaz de escrever a história mais assustadora - é um dos episódios mais fascinantes do mundo literário, repetido à exaustão em qualquer compêndio acerca da gênese do horror e da ficção científica nas letras. Existem pelo menos três interessantes filmes sobre o período de orgias e caos criativo em Villa Diodati: Gótico (1986), de Ken Russell, Primeiro Verão de Amor (1988), de Ivan Passer, e Remando ao Vento (1988), de Gonzalo Suárez. O prólogo de A Noiva de Frankenstein (1935) também faz uma simpática menção ao evento, que ainda inspirou Frankenstein, o Monstro das Trevas (1990), de Roger Corman.
   A criação vampírica de Polidori, entretanto, não ficou imortalizada por algum possível valor literário, mas por sua autoria ter sido erroneamente atribuída ao próprio Lorde Byron quando da publicação original. Ficaram igualmente famosas as espinafradas que Byron desferiu no amigo por meio de cartas enviadas a revistas, não apenas desmentindo ser o autor do conto, mas também desmerecendo qualquer valor artístico na obra. O conto teria sido escrito por Polidori a partir de um rascunho de Byron. De qualquer maneira, o tempo se encarregou de enaltecer a importância de The Vampyre, considerado um dos primeiros trabalhos em língua inglesa sobre o tema, e muitos enxergam inequívocos traços byronianos no desmorto protagonista da narrativa, Lorde Ruthven.
   Quem quiser guardar na coleção essa raridade, pode baixar um facsímile da edição original de The Vampyre, de 1819, clicando aqui (botão direito do mouse, ‘salvar destino como’, vocês sabem). Observem no frontispício reproduzido acima (o qual não traz o nome de Polidori) a anotação manuscrita “by Lord Byron”, condenando o poeta maior a assinar pela eternidade uma obra que renegara em vida.

3 comentários:

  1. Valeu Primati por atender o apelo desse humilde cinéfilo! Aproveitando o embalo recomendo o livro "O Vampiro Antes de Drácula" uma coletãnea de treze contos sobre esses seres, como o próprio título diz, escritos antes da obra de Stocker. Ele foi lançado no começo do ano passado, se não me engano, mas só adquiri no natal (eu mesmo me presentiei!). O grande barato é que os organizadores da obra, Martha Argel e Humberto Moura Neto, ambos apaixonados pelo tema do vampirismo, foram fazer umas pesquisas para uma introdução, só que eles mergulharam de cabeça na coisa, e o que era para ser apenas um prefácio acabou virando um excelente ensaio que toma quase metade do livro! A outra metade são os contos, que no término contém uma nota sobre a obra e uma pequena biografia do autor em questão. Ou seja: artigo obrigatório para quem curte esses seres noturnos! Claro que no ensaio não falta falar sobre o folclore europeu, e Byron, Shelley, Polidori, Sheridan Le Fanu, entre outros. E os contos: bem, abre com O Vampiro de Polidori, sem contar com gente do porte de H. G. Welles, Poe, Alexandre Dumas, Guy de Maupassant... e tem até o ótimo "A Família do Vurdalak" de Alexei Tolstoi, que foi soberbamente adaptado como o segmento "I Wurdalak" do Black Sabbath do Bava! No mais é isso... mais uma vez agradeço a atenção!

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  2. Blob, eu conheço esse livro, mas não li ainda. Nesse caso, indico também o VOIVODE: ESTUDOS SOBRE OS VAMPIROS, livro que eu mesmo editei há alguns anos, com organização do Cid e textos de uma baita galera. ;)

    Abração!

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  3. Fiquei apaixonada pelo evento na Villa Diodati depois de assistir ao GÓTICO. Preciso assistir aos outros filmes baseados nisso. Além do GÓTICO só vi mesmo A NOIVA DE FRANKENSTEIN. Por sinal, a Elsa Lanchester ficou uma gracinha de Mary Shelley, hehe. Obrigada por disponibilizar o THE VAMPYRE para download!

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