A sessão de hoje do Fantaspoa promete ser um momento especial no festival, ao menos àqueles que compartilham do entusiasmo e interesse em tudo que cerca nosso tão pouco conhecido cinema de gênero. A exibição do filme O Jovem Tataravô, uma comédia musical produzida pela Cinédia em 1936, resgata um item raro de nossa filmografia, naquele que é considerado o primeiro longa-metragem brasileiro com elementos fantásticos. O filme será exibido às 19 horas no Cine Bancários, em Porto Alegre, na única atração do dia, e ao final eu e a Laura Cánepa iremos debatê-lo com os espectadores. A exibição é também uma espécie de trailer do curso O Horror no Cinema Brasileiro, que acontece nos dias 10 e 11 deste mês e apresentará um vasto panorama do gênero em nosso país, agora sem a concorrência dos horrores da seleção do Dunga, pois as aulas acontecem no final de semana das finais da Copa do Mundo (porém, terminam antes do início dos jogos, então ninguém vai ficar sem futebol!).
Para ilustrar esta postagem, capturei a apresentação do filme realizada pela Zezé Motta no Canal Brasil. Também compilei alguns textos antigos sobre o filme, amostras de como a obra foi recebida na época, em críticas pitorescas e peculiares. Artigos recentes fazem abordagens mais históricas do filme, como o texto assinado por Ricardo Calil, disponível no site da Programadora Brasil, e principalmente o excelente e completíssimo ensaio da Laura publicado na revista eletrônica Carcasse, datado de setembro de 2006.
“Num leilão, com uma caixa, Menezes arremata certo papel com certa oração poderosa (fazia voltar ao mundo o mais enterrado dos mortos). Organiza-se uma sessão, estabelecendo-se a corrente, invoca-se e zás: surge o tataravô de Menezes, o que logo mais, barbeado, penteado e metido em fatiotas bem lançadas, se mete a conquistas, cai numa farrinha e até a aviação se entrega! A audácia do jovem tataravô, que chegou ao cúmulo de enredar no amar sua própria bitataraneta, leva seu ‘inventor’ a recorrer à macumba para devolvê-lo ao nada. Consegue-o, para o alívio de todos, principalmente do noivo.” (Cine-Repórter, nº 125, 1936)
“(...) bem conduzido e com diálogos, versos e ‘bolas’ muito felizes. Música: encantadora! Sem exceção de um só número de sua música, a partitura do filme é maravilhosa, destacando-se entre os números a canção final do cabaré. Gravação, sonora! A melhor que já se fez no Brasil e, diga-se (mas para dizer pouco), poderia ter ido aos Estados Unidos para voltar de lá com a classificação de perfeita. Impressões da platéia; muito boa. Desde o primeiro dia, até hoje, o público deu sempre gostosas gargalhadas e sempre nas mesmas ‘bolas’. Presencamos, realmente, em várias sessões, o público rindo a valer. O filme agradou inteiramente. Este agrado se justifica - boa música, bom som, bom enredo, artistas discretos, fotografia boa em geral.” (W.S., Imparcial, 1 de setembro de 1936)
“O Jovem Tataravô, tal como está, na tela do Odeon, com os seus defeitos e virtures, é um filme nacional que se impõe. E, estando muito acima da mediocridade, é um trabalho que enche de justificado orgulho e patriotismo a qualquer fã brasileiro, que encontra, neste celulóide, o testemunho insofismável, indiscutível, de que o nosso cinema evoluiu com uma rapidez extraordinária. (...) Em matéria de fotografia e som, O Jovem Tataravô representa a ‘Autêntica Vitória da Cinédia’, pois ‘Ainda Não Vimos Nada Melhor’. A fotografia, principalmente, é de uma nitidez que surpreende. (...) Em primeiro plano coloco, pela naturalidade cinematográfica com que atuam, Darcy Cazarré, Lygia Sarmento e Carlos Frias, este o verdadeiro primeiro galã que o cinema brasileiro encontrou. (...) A direção de Luiz de Barros é bem apreciável. O argumento de Gilberto de Andrade é magnífico e esplêndido de comicidade. É fator seguro de êxito.” (Alfredo Sade, A Batalha, 16 de setembro de 1936) “Um novo filme brasileiro e, tomado de um modo geral, na minha opinião, o melhor de quantos têm sido apresentados até agora. É, já, um trabalho que não envergonha, que pode ser visto, porque não desagrada. Há a distinguir nele três ‘motivos’: o que diz respeito à sua técnica material; o da sua interpretação e direção e o enredo. Quanto a sua feitura material, teçamos loas à Cinédia, pelo trabalho de seus estúdios. O filme é cem por cento bom em sua fotografia e gravação. O ambiente bem decorado, se bem com pouca variedade.” (Paulo Lavrador, A Nação, 17 de setembro de 1936)
“(...) Mesmo sendo um filme de linha, despretensioso, embora de assunto fantástico, pode-se considerar O Jovem Tataravô um dos melhores filmes brasileiros que já vimos. (...) A história é interessantíssima e sua adaptação agrada bastante. A direção de Luiz de Barros é também agradável. (...) É mais cinematográfico e agrada muito mais. Na interpretação gostosa de Cazarré (na tela, o mesmo artista sincero do palco e uma magnífica aquisição do cinema), Marcel Klass, Dulce Weytingh, Lygia Sarmento, Manoelino Teixeira e Manoel Rocha. (...) O Jovem Tataravô surpreende a muita gente.” (P.R., Correio da Noite, 17 de setembro de 1936)
“Num leilão, com uma caixa, Menezes arremata certo papel com certa oração poderosa (fazia voltar ao mundo o mais enterrado dos mortos). Organiza-se uma sessão, estabelecendo-se a corrente, invoca-se e zás: surge o tataravô de Menezes, o que logo mais, barbeado, penteado e metido em fatiotas bem lançadas, se mete a conquistas, cai numa farrinha e até a aviação se entrega! A audácia do jovem tataravô, que chegou ao cúmulo de enredar no amar sua própria bitataraneta, leva seu ‘inventor’ a recorrer à macumba para devolvê-lo ao nada. Consegue-o, para o alívio de todos, principalmente do noivo.” (Cine-Repórter, nº 125, 1936)
“(...) bem conduzido e com diálogos, versos e ‘bolas’ muito felizes. Música: encantadora! Sem exceção de um só número de sua música, a partitura do filme é maravilhosa, destacando-se entre os números a canção final do cabaré. Gravação, sonora! A melhor que já se fez no Brasil e, diga-se (mas para dizer pouco), poderia ter ido aos Estados Unidos para voltar de lá com a classificação de perfeita. Impressões da platéia; muito boa. Desde o primeiro dia, até hoje, o público deu sempre gostosas gargalhadas e sempre nas mesmas ‘bolas’. Presencamos, realmente, em várias sessões, o público rindo a valer. O filme agradou inteiramente. Este agrado se justifica - boa música, bom som, bom enredo, artistas discretos, fotografia boa em geral.” (W.S., Imparcial, 1 de setembro de 1936)
“O Jovem Tataravô, tal como está, na tela do Odeon, com os seus defeitos e virtures, é um filme nacional que se impõe. E, estando muito acima da mediocridade, é um trabalho que enche de justificado orgulho e patriotismo a qualquer fã brasileiro, que encontra, neste celulóide, o testemunho insofismável, indiscutível, de que o nosso cinema evoluiu com uma rapidez extraordinária. (...) Em matéria de fotografia e som, O Jovem Tataravô representa a ‘Autêntica Vitória da Cinédia’, pois ‘Ainda Não Vimos Nada Melhor’. A fotografia, principalmente, é de uma nitidez que surpreende. (...) Em primeiro plano coloco, pela naturalidade cinematográfica com que atuam, Darcy Cazarré, Lygia Sarmento e Carlos Frias, este o verdadeiro primeiro galã que o cinema brasileiro encontrou. (...) A direção de Luiz de Barros é bem apreciável. O argumento de Gilberto de Andrade é magnífico e esplêndido de comicidade. É fator seguro de êxito.” (Alfredo Sade, A Batalha, 16 de setembro de 1936) “Um novo filme brasileiro e, tomado de um modo geral, na minha opinião, o melhor de quantos têm sido apresentados até agora. É, já, um trabalho que não envergonha, que pode ser visto, porque não desagrada. Há a distinguir nele três ‘motivos’: o que diz respeito à sua técnica material; o da sua interpretação e direção e o enredo. Quanto a sua feitura material, teçamos loas à Cinédia, pelo trabalho de seus estúdios. O filme é cem por cento bom em sua fotografia e gravação. O ambiente bem decorado, se bem com pouca variedade.” (Paulo Lavrador, A Nação, 17 de setembro de 1936)
“(...) Mesmo sendo um filme de linha, despretensioso, embora de assunto fantástico, pode-se considerar O Jovem Tataravô um dos melhores filmes brasileiros que já vimos. (...) A história é interessantíssima e sua adaptação agrada bastante. A direção de Luiz de Barros é também agradável. (...) É mais cinematográfico e agrada muito mais. Na interpretação gostosa de Cazarré (na tela, o mesmo artista sincero do palco e uma magnífica aquisição do cinema), Marcel Klass, Dulce Weytingh, Lygia Sarmento, Manoelino Teixeira e Manoel Rocha. (...) O Jovem Tataravô surpreende a muita gente.” (P.R., Correio da Noite, 17 de setembro de 1936)
Eu pensava que a sessão era hoje... hahaha
ResponderExcluirMas e então, como foi o debate? :)
Oi, Osvaldo! O debate foi ótimo, eu adorei e acho que a maioria lá também gostou muito. Tinha bastante gente e quase todo mundo ficou para participar da conversa, com perguntas ótimas, de bom nível e interessadas no assunto. Falamos sobre o filme, sua importância no pioneirismo no cinema fantástico brasileiro e bastante sobre nosso mercado ainda muito deficitário no resgate desses filmes. Eu, a Laura e o JP dividimos os comentários e parece ter sido satisfatório para todos. Uma pena que não vi o Blob no final, espero reencontrá-lo em outras sessões. Para coroar a noite, fomos jantar com o Luigi Cozzi, que havia acabado de chegar a Porto Alegre. Ou seja, mais uma noite inesquecível do Fantaspoa! Que venham outras.
ResponderExcluirMuito bom saber que a noite foi repleta de alegres momentos. Que eles sejam constantes a todos os presentes no Fantaspoa.
ResponderExcluirThere's shocking news in the sports betting world.
ResponderExcluirIt has been said that every bettor needs to see this,
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