CRÍTICAS, ANÁLISES, IDÉIAS E FILOSOFIAS EM GERAL A RESPEITO DE FILMES DE HORROR DE TODAS AS ÉPOCAS, NACIONALIDADES E ESTILOS, E MUITAS OUTRAS COISAS RELACIONADAS AO GÊNERO

domingo, 3 de janeiro de 2010

Juggernaut (1936)

   Pelos meus cálculos, Boris Karloff fez 65 filmes que podemos considerar do gênero horror, começando pelo mudo The Bells (1922), no qual encarna um hipnotizador com traços caligarianos, até as constrangedoras produções mexicanas lançadas após sua morte, ocorrida em 1969. Juggernaut, uma arrastada e enfadonha produção inglesa, é o primeiro da meia dúzia de filmes do ciclo karloffiano que pretendo assistir para completar sua filmografia (descontando alguns filmes que considero impossíveis de encontrar no momento, como The Mad Genius, de 1931). É também um dos títulos mais obscuros de sua carreira - não consegui sequer descobrir o título brasileiro, se é que foi exibido por aqui - e alguns pesquisadores até o omitem da filmografia de horror de Karloff (por pura preguiça de se informar melhor, penso eu).
   Karloff ficou (e ficará para sempre) marcado pela figura do monstro de Frankenstein, mas foi o ciclo de filmes no papel de médicos loucos que o consagraram como uma referência no cinema de horror. Desde a metade dos anos 1930 até o início da década seguinte, Karloff esteve mais às voltas com bisturis, estetoscópios e tubos de ensaio do que qualquer outra coisa. Em geral, era o médico cheio de boas intenções, no limiar de fazer uma descoberta revolucionária (a cura da paralisia ou o primeiro transplante cardíaco da história...), mas que acabava se tornando vilão ao tentar saber demais. Não cabe ao Homem contestar os desígnios divinos - este parece ser o ensinamento moralista de grande parte dos enredos clássicos de horror.
   O Dr. Sartorius de Juggernaut é um desses sujeitos com muita ambição e pouco juízo. Depois de ser obrigado a encerrar suas pesquisas em busca da cura da paralisia, devido a falta de recursos financeiros, o doutor sai do Marrocos e vai trabalhar como um simples médico na Côte d’Azur, no sul da França. Porém, sua fama o precede e ele é procurado por uma moça que sabe de seu desejo de retomar as pesquisas científicas. Ela lhe oferece uma grande quantia em dinheiro, suficiente para ele concretizar os estudos, em troca de Sartorius “cuidar” do marido dela, um velho milionário e muito doente.
   Considero Karloff um ator talentoso, com mais recursos dramáticos do que seu colega/rival mais famoso, Bela Lugosi. Porém, em Juggernaut ele vive um de seus piores desempenhos. Talvez seja culpa da incompetência de Henry Edwards na direção, pois todos no filme atuam de maneira teatral, com exageros ridículos - principalmente a mexicana Mona Goya, no papel da esposa infiel que quer dar cabo do marido para sustentar um irritante playboy viciado em jogatina. O estilo melodramático, antiquado, é típico do cinema inglês da época, anos atrasado em relação às produções americanas.
   Apesar de ser inglês, Karloff filmou pouco em seu país natal. Seu primeiro horror britânico foi The Ghoul, de 1933, lançado no Brasil em DVD numa cópia lastimável como O Zumbi (o título original brasileiro é Dragore, o Fantasma). Em resumo, Juggernaut talvez seja o pior filme de Karloff; a ruindade é tamanha que apenas reforça uma de minhas teses: a de que determinados filmes raros e obscuros só são raros e obscuros... porque são muito ruins! Acabam interessando somente a pesquisadores e completistas como eu. Se mais alguém quiser se aventurar, saiu em DVD importado e é mais um título em domínio público.
   Darei uma folga aos clássicos (para não deixar o blog repetitivo) e amanhã pretendo trazer uma surpresinha para vocês!

6 comentários:

  1. Achei muito engraçado o seu comentário sobre os cientistas cheios de boas intenções que acabam ficando ambiciosos demais! É sempre assim, né? Hehehe. Que pena que esse filme do Karloff não é bom. Pelo menos, ele tem algumas dezenas de filmes bons para compensar. Ah, estou adorando os pôsteres que você tem colocado para ilustrar os textos. São lindos! Esse do JUGGERNAUT é um lobby card ou um pôster mesmo? Estou ansiosíssima pela surpresa de amanhã!

    OBS: Na enquete votei no George Zucco para aprender um pouco sobre ele. :)

    Beijo!

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  2. Essa imagem tem mais cara de cartazete, o pôster de menor tamanho que era usado - imagino eu - nas sessões duplas. Não encontrei o cartaz original, apenas a capa do DVD, e gosto sempre de ilustrar com imagens da época.

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  3. Acho um charme esses posters dos anos 30! Acho que foi uma era de ouro para os posters.

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  4. Olá Carlos,
    vim no seu blog por indicação da Beatriz.
    Sou Co-Fundador do Filmow e vim desejar um ótimo 2010 e muito sucesso no seu blog.

    Grande abraço.

    Wanderson Niquini

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  5. Opa, Wanderson, bacana! Muito legal o Filmow, é uma ferramenta e tanto para quem quer se organizar; ainda mais eu que quero ver todos os filmes de horror do mundo, hehehe. Espero que visite sempre o meu blog e comente os posts, pois é isso que faz o assunto ser tão apaixonante: trocar impressões sobre os filmes. Felicidades com o site!

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  6. Oi Carlos,
    Começar o ano com este blog já mostra que 2010 promete muuito neste gênero e parabeizo pelo Blog. já informando que coloquei o link no meu blog www.contosdevampiroseterror.blogspot.com e, mais a noite, coloco no Adorável Noite.

    Muito sucesso sempre! seu trabalho é admirável!
    Adriano Siqueira
    www.adoravelnoite.com

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