Lon Chaney Jr. é apenas mais um em meio a inúmeros astros de Hollywood com uma trajetória ao mesmo tempo fascinante e trágica. É também outro dos muitos artistas de talento limitado que devem aos filmes de horror sua popularidade perene e o renovado interesse por sua carreira. Basicamente, Chaney Jr. tem um único papel respeitável em sua trajetória fora do horror, como o simplório Lennie em Of Mice and Men (Carícia Fatal), de 1939, adaptado do celebrado livro de John Steinbeck.
Filho de um dos maiores astros do cinema mudo, o consagrado “homem das mil faces” Lon Chaney, responsável por caracterizações memoráveis como O Fantasma da Ópera e O Corcunda de Notre Dame, Lon Chaney Jr. não apenas relutou em seguir os passos de seu pai no horror, mas na própria carreira de ator, só entrando para o cinema depois da morte do pai. No início, fez papéis menores, aparecendo principalmente em faroestes, usando seu verdadeiro nome, Creighton Chaney. Acabou se rendendo aos filmes de horror, e à pressão dos produtores de usar o famoso nome paterno, no começo da década de 1940, quando acabou se tornando uma figura chave no segundo grande ciclo de filmes do gênero em Hollywood.
Todos conhecem o amadiçoado Lawrence Talbot que Chaney Jr. interpretou no clássico O Lobisomem (1941) e em todas as continuações produzidas pela Universal - e cujo remake vem aí, e tem tudo para ser muito ruim, a começar pelo diretor (Joe Johnston, cria de Lucas e Spielberg, assinou alguns dos piores blockbusters de ação e fantasia das duas últimas décadas). Portanto, para evitar o óbvio, escolhi comentar o filme que marcou a estréia de Chaney Jr. no horror, o relativamente obscuro O Monstro Elétrico (Man Made Monster), também realizado em 1941, com direção do mesmo George Waggner que logo em seguida voltou a trabalhar com o ator em O Lobisomem.
O filme inicialmente seria mais um veículo para colocar Karloff e Lugosi frente a frente, com um roteiro que reaproveita vários elementos de filmes de horror da época, em especial The Invisible Ray e Frankenstein. Chaney Jr. é um homem simplório e ingênuo - impossível não pensar novamente em seu Lennie de Carícia Fatal - que sobrevive a um grave acidente de ônibus, quando o veículo se chocou contra uma torre de alta tensão. Ele só resistiu ao choque porque está acostumado a receber descargas elétricas, trabalhando como atração de circo fazendo truques com faíscas e eletricidade.
Um respeitado cientista se interessa em realizar experiências com o rapaz, que aceita a oferta e se submete aos testes ingenuamente. Porém, todo cientista bom tem um assistente maluco; neste caso, Lionel Atwill no auge da vilanice. Sem que o patrão saiba, ele passa a submeter a cobaia humana a descargas cada vez mais fortes de eletricidade, até transformar o pobre Lon Chaney Jr. num ‘homem elétrico’, um homicida descontrolado que foge do laboratório e passa a matar - literalmente até que sua energia se descarregue.
O filme pode ser considerado apenas um clássico menor da Universal, histórico por marcar a estréia de Lon Chaney Jr. no horror, mas a produção é desleixada. O filme não se preocupa sequer em mostrar o personagem de Chaney Jr. desempenhando seus truques de circo: o filme já começa com a cena do acidente com o ônibus. O ator tem um de seus piores desempenhos - ele só descobriria seu registro ideal como o perturbado lobisomem, no mesmo ano - mas em compensação é sempre uma delícia ver Lionel Atwill em ação, devorando com voracidade seu papel de vilão.
Apesar de os créditos não fazerem qualquer referência a isso, é bem provável que o charmoso equipamento elétrico usado pelo cientista louco no laboratório - cheio de máquinas de soltar faíscas e raios - seja mais uma criação de Ken Strickfaden, cujas geniais engenhocas ficaram famosas a partir do clássico Frankenstein (1931). No final das contas, O Homem Elétrico é um filme de menor importância na história do horror, mas marcante por ter dado início à carreira de Lon Chaney Jr. no gênero e motivar o segundo grande ciclo de filmes americanos de horror.
Desse eu nunca tinha ouvido falar. Pela sua descrição, parece bem desinteressante, mas fiquei ansiosa para ver o Lionel Atwill em ação.
ResponderExcluirCarlos eu vi o filme e gostei. A cena final com o cachorrinho em cima do Lon Chaney morto, é comovente. Quanto a interpretação do antológico astro, não é das melhores nem das piores - digamos que ele esteja esforçado, já que foi seu primeiro filme do gênero. O diretor Waggner fez no mesmo ano 'A ilha do horror', dirigiu o grande Karloff em 1945 em 'the climax' e em 1958 em vários episódeos da série 'The Veil'.
ResponderExcluirContinuo aguardando seu comentário do 'TROG'.
Abraço de JAIME PALHINHA
Ah, sim, Jaime, o filme tem coisas ótimas, também gostei muito do cachorrinho no filme todo, ele atua melhor do que o Chaney (que melhorou muito nos outros filmes, na minha opinião)! Também torci muito para ele não morrer eletrocutado, hehehe! Não conheço esse A ILHA DO HORROR, fiquei interessado! Vou fazer uma crítica muito especial do TROG, pode aguardar! Abração!
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