O primeiro filme que vi em 2010 é um modesto melodrama de mistério produzido pela Monogram em 1933. A Monogram foi o mais miserável de todos os miseráveis estúdios de Hollywood, mas seus filmes têm um charme irresistível, com tramas tão absurdas que beiram o surreal. Geralmente, os filmes da Monogram se resolvem praticamente na conversa - pouquíssima ação, absoluta pobreza visual e personagens quase caricaturais. The Sphinx, dirigido por Phil Rosen - responsável por vários títulos do ciclo do detetive Charlie Chan - é um desses casos, tendo como único trunfo no enredo um suspeito de assassinato que prova sua inocência no tribunal por ser surdo-mudo. O papel é de Lionel Atwill, vilão do segundo escalão do primeiro grande ciclo de filmes de horror de Hollywood. A única testemunha do crime é o faxineiro do prédio onde foi encontrada a vítima mais recente, um corretor de ações da bolsa de valores que foi estrangulado dentro de seu próprio escritório. Depois de perpetrar o crime, o homicida sai tranquilamente do prédio, pede fogo para acender o charuto e pergunta as horas ao faxineiro, que logo em seguida encontra um corpo estendido no chão.
É o quarto crime cometido com as mesmas características em apenas um mês e a polícia não tem pista alguma do suspeito. Porém, claro, como em quase todos os filmes de horror/mistério desse período, há um intrépido repórter determinado a fazer o serviço que a polícia é incapaz de fazer. Sem muita explicação lógica, o sujeito decide investigar os crimes e tem certeza de que o criminoso é mesmo o tal surdo-mudo, um respeitado cavalheiro que surge na história apenas e tão-somente como suspeito - e nós, espectadores, somos convencidos de que só ele pode ser o assassino, pois é ele, e ninguém mais, quem sai da cena do crime após cada assassinato. Há um falatório de que ele é um milionário muito respeitado, mas nada fica muito claro. O mistério é frágil, a tensão é praticamente nula e a solução do enigma é tão óbvia quanto decepcionante: existem dois sujeitos, o surdo-mudo que senta no banco dos réus e seu irmão gêmeo, o estrangulador.
É curioso observar que as vítimas do assassino são corretores de ações, poucos anos depois da Grande Depressão que quebrou a bolsa de valores em 1929, e cujos efeitos devastadores ainda eram sentidos pelo povo estadunidense. O filme talvez fosse mais envolvente se tivesse vítimas menos detestáveis; afinal, quem sentiria a falta de um corretor?? Lionel Atwill, que na mesma época aterrorizou a encantadora Fay Wray em Doctor X, The Vampire Bat e Mystery of the Wax Museum, apareceu em duas dúzias de filmes de horror até 1946, ano de sua morte, quase sempre como coadjuvante. O filme é todo dele, com um desempenho bastante sutil, pois passa a maior parte do filme calado. Mas seu sorrisinho inocente chega a ser ridículo às vezes.Assisti a esse filme como parte do ciclo dos grandes astros do horror mundial que estou realizando. É verdade que Atwill está longe de ser assim tão “grande”, mas não existem muitos astros de cinema identificados com o horror, então ele merece seu espaço. Não sei se o filme é inédito no Brasil; imagino que tenha sido exibido na televisão lá pelos anos 60 ou 70. Está disponível em DVD importado e circula pela internet em cópia de domínio público, portanto não é nada difícil de encontrar. A ilustração desse post é uma edição da revista Filmfax, a única publicação do mundo capaz de estampar Lionel Atwill na capa!
carlos nota 10 pelo blog. excepcional mesmo.
ResponderExcluirum pedido aqui do seu amigo- faça a crítica do 'trog, o monstro das cavernas', ok?
excusado será dizer para voce não se deixar influenciar por nenhuma das críticas negativas que transitam pela internet. lembre-se que dois genios do jornalismo, carlos motta e inácio araújo fizeram críticas favoráveis ao filme, e é clario ao trabalho de miss joan crawford.
abraço do seu amigo jaime palhinha
Oi, Jaime. Excelente pedida, vou falar desse filme, finalmente! Vou revê-lo ainda esta semana e falarei do filme com o devido carinho. Grande abraço e obrigado pela visita!
ResponderExcluirCARLOS, MARAVILHA ESSA ESQUETE DAS DIVAS VETERANAS DO TERROR- A MINHA FAVORITA JOAN CRAWFORD ESTÁ GANHANDO E VAI GANHAR, PORQUE DE TODAS FOI ELA QUE FEZ MAIS FILMES DE HORROR E SUSPENSE - 10 NO TOTAL, E NOS ANOS 60, ELA FOI ELEITA PELA SAUDOSA REVISTA 'FAMOUS MONSTERS OF FILMLAND' A 'FIRST LADY OF FRIGHT'.
ResponderExcluirE É DELA A FRASE FAMOSA QUANDO SOUBE QUE GREER GARSON,LORETTA YOUNG E MARLENE DIETRICH SE RECUSAVAM A APARECER EM TAIS FILMES - 'É PREFERÍVEL SER ESTRELA EM UM FILME DE TERROR, DO QUE FAZER PAPEL SECUNDÁRIO EM OUTRO TIPO DE FILME' E DEPOIS MEUS FANS ME ADORAM VER NESSE GÊNERO DE FILME, E É PARA ELES QUE EU TENHO QUE TRABALHAR. EM 'STRAIT-JACKET' (ALMAS MORTAS) EU DECEPEI 5 CABEÇAS E MEU AMIGO BILL (WILLIAM) CASTLE DISSE QUE O FILME RENDEU (EM 1964) 5 MILHÕES DE DÓLARES, 1 MILHÃO POR CABEÇA. SE EU SOUBESSE TINHA DECEPADO 10, POIS EU TINHA 20% DE PORCENTAGEM DA BILHETERIA.
JAIME PALHINHA
CARLOS VIM DAR OS PARABÉNS AO MEU AMIGO PALHINHA PELA EXCELENTE ENTREVISTA QUE ME CONCEDEU ONTEM EM MEU PROGRAMA DA TV MUNDI, E ELE ME FALOU DESSA NOVA ENQUETE - CLARO QUE VEU VOTO É PARA JOAN CRAWFORD,A QUEM FIQUEI CONHECENDO E ADMIRANDO ATRAVÉS DOS FILMES QUE O PALHINHA EXIBE EM SUA CASA. TENHO MUITA VONTADE DE VER O 'TROG' O QUAL O PALHINHA JÁ ME CONVIDOU PARA O JANTAR DE CELEBRIDADES QUE IRÁ REUNIR AQUI EM SUA CASA NA PRÓXIMA SEMANA, QUANDO IRÁ EXIBIR O TÃO FALADO FILME, DO QUAL SÓ CONHEÇO O CARTAZ QUE O PALHINHA TEM EXPOSTO EM SEU 'MEMORIAL JOAN CRAWFORD' AQUI EM SUA SALA.CARLOS JÁ FALEI COM O PALHINHA PARA TE LEVAR AO MEU PROGRAMA PARA EU TE ENTREVISTAR, POIS ELE JÁ ME FALOU VÁRIAS VEZES QUE VOCÊ É UM GÊNIO, E VOCE DEVE SABER QUE QUANDO O PALHINHA FALA, TÁ FALADO.
ResponderExcluirABRAÇO DO DENIS DERKIAN
CARLOS VIM BUSCAR O MEU AMIGO PALHINHA PARA IRMOS AO TEATRO E ELE ME FALOU DO SEU BLOG. NÃO ENTENDO NADA DISSO NEM DE COMPUTADORES ISSO É COM MEUS NETOS - SEI SIM É QUE ANTES DO PALHINHA NASCER EU JÁ ADMIRAVA PROFUNDAMENTE ESSA GRANDE ATRIZ A QUEM VI PELA PRIMEIRA VEZ NAS TELAS EM 1945, NO FINAL DA SEGUNDA GRANDE GUERRA,(NÃO SE ESPANTE- VOU FAZER 80 ANOS) JUNTO COM UM GRUPO DE AMIGAS DE ESCOLA NO EXTINTO E SAUDOSO CINE ROSÁRIO, NO FILME 'UM ROSTO DE MULHER' (A WOMAN'S FACE). A PARTIR DAÍ QUASE NUNCA PERDI UM FILME SEU. EVIDENTE QUE NESSA SUA ENQUETE MEU VOTO VAI PARA ELA, APESAR DE EU TER FICADO ASSUSTADA COM OS FILMES DE HORROR QUE O PALHINHA EXIBIU AQUI EM SUA CASA. NÃO ERA MAIS A BELA CRAWFORD QUE CONHECI NOS VELHOS TEMPOS, MAS AINDA ERA A GRANDE ATRIZ DE INCRÍVEL PERSONALIDADE.
ResponderExcluirUM BEIJO DA MARCIA REAL
(A MAIS FAMOSA VILÃ DAS NOVELAS DA EXTINTA E SAUDOSA TV TUPI, ATRIZ DE TEATRO E CINEMA).
OLÁ CARLOS, SOU O HILTON VIANA, NÓS NOS CONHECEMOS AQUI NA CASA DO JAIME O ANO PASSADO.
ResponderExcluirSÓ MESMO ELE PARA NOS FAZER DESISTIR DE IR AO TEATRO PARA FICARMOS AQUI E VER 'ESPETÁCULO DE SANGUE' (BERSERK) COM SUA ADORADA CRAWFORD. FAÇO MINHAS AS PALAVRAS DE MINHA AMIGA MARCIA REAL, POIS TAMBÉM VOU FAZER 80 ANOS E ADMIRO A CRAWFORD DESDE ADOLESCENTE. ME LEMBRO PERFEITAMENTE DO PRIMEIRO FILME DELA QUE ASSISTI, 'ALMAS EM SUPLÍCIO' (MILDRED PIERCE) COM O QUAL ELA GANHOU UM 'OSCAR'. EU FUI UM DOS JORNALISTAS COVIDADOS PELO RELAÇÕES PÚBLICAS DO OTHON PALACE HOTEL, MAURICIO KUS, QUANDO ELA VEIO PELA ÚLTIMA VEZ AO BRASIL EM 1970, INAUGURAR UMA FÁBRICA DA PEPSI-COLA. SEM EXAGERO HAVIA MAIS DE 150 JORNALISTAS, FOTÓGRAFOS E CINEGRAFISTAS DE TODOS OS JORNAIS E EMISSORAS DE TV DE SÃO PAULO DA ÉPOCA QUE LOTARAM O SALÃO DO DITO HOTEL,ONDE ELA DEU UMA DISPUTADÍSSIMA ENTREVISTA COLETIVA.
PONTUALMENTE AO MEIO DIA ELA CHEGA ACOMPANHADA DE UMA IMENSA ENTOURAGE DE DIRETORES DA PEPSI, SEGURANÇAS,SECRETÁRIOS,TRADUTORES ETC. ELEGANTE E SORRIDENTE,CUMPRIMENTOU UM POR UM TODOS NÓS, E QUANDO CHEGOU MINHA VEZ ELA DISSE PARA ESPANTO DE TODOS- 'HELLO MR. VIANA, HOW ARE YOU?" E ME DU UM BEIJO. QUASE DESMAIEI DE EMOÇÃO. FIQUEI MUDO NÃO CONSEGUI PRONUNCIAR NEM UMA PALAVRA. HORAS DEPOIS ME DISSERAM QUE ELA PERGUNTOU QUEM ERA O MAIS IMPORTANTE JORNALISTA PRESENTE E OS ACESSORES DA PEPSI DISSERAM QUE ERA EU. NO OUTRO DIA NO 'DIÁRIO DA NOITE' JORNAL ONDE TRABALHEI 30 ANOS RECEBI UMA BELA FOTO AUTOGRAFADA QUE EVIDENTE OFERECI HÁ ALGUNS ANOS ATRÁS PARA O JAIME. DE TODAS AS GRANDES ESTRELAS INTERNACIONAIS QUE CONHECI E ENTREVISTEI AQUI EM SÃO PAULO, DE EDITH PIAF A VIVIEN LEIGH, DE GINA LOLLOBRIGIDA A MERLE OBERON, JEANETTE MACDONALD, RHONDA FLEMING, BARBARA RUSH, IRENE DUNNE ETC, ELA FOI A MAIOR DE TODAS, A MAIS SIMPÁTICA E ACESSÍVEL. NUNCA MAIS HAVERÁ OUTRA JOAN CRAWFORD. ESTOU QUASE CHORANDO.
HILTON VIANA - DECANO DOS JORNALISTAS DE TEATRO DE SÃO PAULO, ATOR E DECLAMADOR DAS POESIAS DE CORA CORALINA.
Olá a todos! Os amigos do Jaime são as pessoas mais doces que já conheci!! Não respondi antes porque costumo acompanhar os comentários postados nas novas inserções do blog, que ficam lá na frente. Bem, isso não importa...
ResponderExcluirAo Denis Derkian, quero dizer que quase o conheço, de tanto que o Jaime fala o seu nome! Ninguém é mais dedicado aos amigos do que o Jaime, é impressionante! Denis, agradeço imensamente a oferta da entrevista e certamente vamos marcar alguma coisa, mas não precisa ser para breve, porque estou com projetos quase se concretizando, e será muito melhor a todos se pudermos nos encontrar quando eu tiver coisa mais interessante a dizer!
À Marcia Real devo dizer que é sempre uma delícia ler depoimentos como esse, de artistas (que um dia também foram cinéfilos) contando suas primeiras experiência com o cinema, quando a sétima arte realmente era fascinante e encantadora!
Quanto ao Hilton Viana, uma pessoa maravilhosa que pude conhecer numa visita à casa do Jaime, só posso dizer que ele quase mata qualquer um de inveja, contando sobre esses encontros com monstros sagrados de Hollywood, do tipo que jamais existirão novamente.
Pois quero dizer que tentarei recompensar a todos comentando TROG para breve, em homenagem mais ao Jaime do que à Crawford, hehehe. Tentarei ser justo com o filme, depois vocês comentam o que escrevi, está bem?
Um enorme abraço a todos!