CRÍTICAS, ANÁLISES, IDÉIAS E FILOSOFIAS EM GERAL A RESPEITO DE FILMES DE HORROR DE TODAS AS ÉPOCAS, NACIONALIDADES E ESTILOS, E MUITAS OUTRAS COISAS RELACIONADAS AO GÊNERO

sábado, 2 de janeiro de 2010

Vingança Diabólica (1933)

   Continuando o mini-ciclo de pequenos clássicos de horror e mistério com Lionel Atwill, temos aqui mais uma realização modesta do ano de 1933, desta vez uma produção da Paramount, estúdio que, na época, tinha menos tradição no gênero - em comparação com Universal e Warner, por exemplo. Vingança Diabólica (Murders in the Zoo), dirigido por A. Edward Sutherland, é divertido e relativamente violento, com algumas cenas de mortes típicas dos abusos do período que antecedeu o Código Hays. O momento mais impressionante é a cena da mocinha atirada num poço de crocodilos para ser devorada viva. Devido a exageros como este, alguns anos depois os moralistas de Hollywood frearam a produção de filmes de horror. Atualmente, fitas da época conhecida como “pre-code” são muito cultuadas. Basta assistir Vingança Diabólica para entender o porquê.
   A trama é simplória, mas o suficiente para manter a ação contínua na tela: Atwill é Eric Gorman, milionário e filantropo que passa o tempo caçando animais selvagens na Indochina. Quando enche um navio de bestas-feras, ele parte de volta à América para doar a bicharada para um zoológico. Porém, nem tudo é diversão na vida de Gorman. Casado com uma bela e jovem esposa que não o ama, ele faz o possível para manter os rapazes longe da mulher. Um dos pretendentes termina amarrado e literalmente com a boca costurada, abandonado no meio da selva para ser comido por tigres. Na viagem de volta, a esposa infiel encontra-se com outro amante no navio e eles combinam se casar assim que ela conseguir o divórcio. Gorman, porém, está ciente das escapadelas da esposa e planeja eliminar o rival usando um de seus bichinhos de estimação - uma enorme cobra mamba, um dos répteis mais mortíferos do mundo.
   Obviamente, o filme é todo de Atwill, que parece mais do que à vontade no papel do vilão frio e sádico. Também é dele a melhor frase do filme. Ao ser acusado pela esposa de ter matado o amante dela, vítimado por uma misteriosa picada de cobra durante um jantar beneficente, Gorman responde sarcasticamente: “Você não acredita realmente que passei a noite toda com uma enorme cobra no bolso do paletó, não é mesmo? Isso não seria justo com meu alfaiate”.
   O ponto baixo do filme é a irritante presença do cômico Charlie Ruggles, no papel do atrapalhado assessor de imprensa do zoológico. Alívios cômicos como esse são comuns nos filmes de horror dessa época - e quase sempre estragam a diversão, como acontece também com o fetichista Mad Love (1935), estrelado por Peter Lorre. O papel de herói de Vingança Diabólica coube a um muito jovem Randolph Scott, em comecinho de carreira. O futuro astro do faroeste interpreta um cientista que passa o filme todo pesquisando um antídoto para o veneno da cobra mamba, o que torna o final mais do que previsível.
   O filme é dirigido de maneira leve por Sutherland, mais conhecido por suas comédias, especialmente pela parceria com W.C. Fields. Ele começou a carreira como ator e foi um dos Keystone Kops originais das populares comédias mudas. Foi assistente de Charlie Chaplin e flertou apenas brevemente com o cinema fantástico, dirigindo a comédia de ficção científica The Invisible Woman (1940). Típico de uma produção rasteira, o filme tem gafes inaceitáveis, como quando Ruggles erra uma frase e descaradamente repete a fala, mas consegue divertir mesmo nos dias de hoje. Saiu em DVD importado e não é difícil de ser encontrado pelas ondas da rede.
   Por enquanto, basta de Lionel Atwill! Se tudo correr bem, amanhã falaremos um pouco sobre um dos filmes mais obscuros de Boris Karloff.

Um comentário:

  1. Pelo visto, vou aprender muito de história do cinema por aqui. Ótimo post! Esses filmes pre-code são mesmo uma tentação para os cinéfilos mais curiosos.

    Beijo!

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