Cinco jovens amigos são convidados para uma rave e partem rumo ao local da festa, onde um deles pretende conseguir dinheiro vendendo drogas. A farra logo termina em briga e eles são expulsos do local. Na estrada, de volta para casa, socorrem uma moça que diz ter sido vítima de uma seita satânica cujos seguidores se autodenominam Sombras. Uma van passa a persegui-los em alta velocidade e os jovens sofrem um grave acidente. Eles conseguem escapar dos perseguidores e perambulam pela mata durante a noite, em busca de abrigo, e acabam matando alguns dos satanistas. Ao amanhecer, conseguem fugir e pedem ajuda num pacato vilarejo próximo.
A trama de As Garras do Mal (Devil’s Prey, 2001), lançado em DVD no Brasil como Sombras do Mal, é convencional em todos os detalhes, inclusive em suas surpresas absolutamente previsíveis. Logo de cara fica óbvio que a moça que eles socorrem é membro da tal seita satânica, por mais que ela se esforce em parecer vítima. Quando isso é revelado, muito mais tarde, não causa qualquer surpresa. Igualmente previsível é o papel de Patrick Bergin, um suposto pastor religioso que, com aquela cara de canalha, é incapaz de convencer qualquer cristão. Bergin tem alguma experiência como vilão no cinema (teve o privilégio de encarnar Drácula no ano seguinte), mas é difícil olhar para a cara dele e não lembrar de seu papel de cafajeste em Dormindo com o Inimigo, perseguindo a indefesa Julia Roberts num dos muitos thrillers com mulheres em perigo da década de 1990.
O saldo final desse As Garras do Mal é a mesma ladainha de sempre: aos pecadores é permitida apenas a redenção, mas mesmo assim eles devem ser punidos de maneira implacável, como acontece com o traficante de drogas e sua namorada promíscua. Por sua vez, o casal de namorados que demonstra mais responsabilidade e consciência social durante toda a história é misericordiosamente poupado de um destino mais trágico. O filme ainda guarda uma surpresa para o final, mas trata-se de um epílogo tão ridículo que só pode ser encarado como um deboche, uma brincadeira de mau gosto com o pobre espectador.
Bacana saber que não foi só implicância minha: esse filme é uma porcaria e o final, qu fracassa miseravelmente em sua tentativa de ser surpreendente, é patético e um verdadeiro deboche.
ResponderExcluirAgora, o q eu mais achei interessante em sua crítica foi a análise dos personagens e seus respectivos destinos na obra. Acho que o filme estava tão ruim, que eu não atentei para esse detalhe... Parabéns pela boa vontade de extrair algum significado de uma obra tão banal!
Ei, Luca, é assim mesmo, os piores filmes são os mais difíceis de escrever, hehehe. Este aqui realmente nem merece muito esforço, mas tento extrair algo curioso mesmo dos piores filmes, para que pelo menos a leitura valha a pena. Isso que atentei sobre o comportamento dos personagens é um dos dispositivos mais mesquinhos do cinema comercial: tornar aceitável, para o grande público, a morte das pessoas de comportamento recriminável, enquanto poupa aqueles que ficam na linha. Os filmes corajosos, como você sabe, são os que ousam violar as regras.
ResponderExcluirGrande abraço... e até o próximo filme ruim!
É sempre interessante esse exercício de tentar extrair alguma coisa desses filmes ruins. Quanto aos filmes corajosos, que sejam mais freqüentes! Tá difícil aturar - como você mesmo disse - essa ladainha moralista de sempre.
ResponderExcluirPosso estar perdendo alguma coisa boa mas me mantenho afastado de todo e qualquer filme com este tipo de capa ou cartaz. Genérico demais!
ResponderExcluirRodrigo, neste caso específico, você não perdeu nada!
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