CRÍTICAS, ANÁLISES, IDÉIAS E FILOSOFIAS EM GERAL A RESPEITO DE FILMES DE HORROR DE TODAS AS ÉPOCAS, NACIONALIDADES E ESTILOS, E MUITAS OUTRAS COISAS RELACIONADAS AO GÊNERO
Uma mulher e tanto para um filme nem tanto... mas, que vale como um dos ícones dos filmes B dos anos 50, quando o cinema de horror norte-americano partiu com tudo prá cima da era atômica, deixando de vez, infelizmente, o clima e as sensações dos clássicos da década anterior.
Cayman, concordo em parte com o que você escreveu. Eu também costumava lamentar o sumiço dos filmes de horror na década de 1950, mas no momento estou estudando seriamente esse período e facilmente já me apaixonei por esse cenário.
Tento, na medida do possível, nunca lamentar a História, preferindo mais estudá-la e compreendê-la, mas obviamente me flagro dizendo "infelizmente..." às vezes. Porém, prefiro aceitar as coisas como elas são, pois nada é capaz de traçar o perfil de sua época melhor do que os filmes de horror.
Claro que "infelizmente" vivemos uma época de absoluta carência criativa nos filmes de horror feitos nos EUA, mas o que me motiva é tentar entender POR QUE isso acontece.
Sobre o que aconteceu nos anos 50... aguardem meu novo curso de cinema!
'DO CÉU CAIU UMA 'ESTRELA' A QUAL ENTROU NO INFINITO, TRANSFORMOU-SE EM UMA PARTÍCULA DE LUZ, E CAIU NUM LAGO, E NO REFLEXO DAS ÁGUAS, BRILHA E BRILHARÁ PARA TODO O SEMPRE, A BELEZA, O TALENTO, O CHARME, E A PERSONALIDADE ÚNICA E IRREPETÍVEL DE ALLISON HAYES. AONDE ELA ESTIVER NO PLANO ESPIRITUAL,ELA DEVE ESTAR MUITO CONTENTE POR VER QUE, 33 ANOS APÓS SUA MORTE, OS 7 FILMES 'B' DE TERROR QUE ELA ESTRELOU ENTRE 1957 E 1963 FIZERAM SEU NOME E SUA ESBELTA FIGURA SEREM DISCUTIDOS E APRECIADOS POR NOVAS GERAÇÕES DE FANS, E MAIS CONTENTE AINDA ELA DEVE TER FICADO,QUANDO VIU NUMA ENQUETE RECENTE SOBRE AS 'SCREAM-QUEENS' CLÁSSICAS, SEU NOME GANHAR DISPARADO. 'I LOVE YOU FOREVER, SWEET ALLISON'. JAIME PALHINHA
Uma Curiosidade que pode explicar esta mudança de clima no cinema fantástico mencionada pelo CAYMAN: Em seu livro, O Monstruoso Feminino, Bárbara Creed mostra como, a partir do universo dos filmes de ficção científica, se dá a satanização da figura feminina no Ocidente. A misoginia também encontra seus elementos no gigantismo. Neste particular, mulheres, aranhas gigantes e extraterrestres concorrem quanto a maior monstruosidade. Vale lembrar de O Ataque da Mulher de 10 Metros (Attack of the 50-foot Woman, 1957), de Natan Hertz. Neste filme, uma esposa traída encontra um extraterrestre verde gigante que passava pelo nosso planeta em um disco voador, é transformada num enorme monstro vingador que estripa o marido infiel com as próprias mãos. Desta época temos ainda Devil Girl from Mars(1954)de David MacDonald; The Astounding She-Monster(1957) de Ronald V. Ashcroft; The Wasp Woman(1959)de Roger Corman; entre outros... Talvez esta temática se identificasse com o puritanismo que grassou a cultura norte americana, e que culminou nas explosivas décadas de 60 e 70! Marcello Araújo
Marcello, interessante esse estudo, mas sem maiores detalhes, eu dificilmente me convenço com essa explicação, pois o fenômeno da satanização da mulher é bem mais antigo, remonta aos tempos bíblicos, no mínimo. No cinema, vem desde o cinema mudo; basta lembrar de Theda Bara em A FOOL THERE WAS, o filme que popularizou o termo 'vamp' para descrever mulheres possessivas e destruidoras.
No cinema fantástico, em especial o de horror, a satanização da mulher sexualmente agressiva também é coisa antiga. Podemos lembrar da obra-prima GENUINE, ainda no cinema mudo alemão, ou a saga de Paula Dupree nos filmes da Universal na década de 1940, quando a mulher literalmente vira fera quando fica excitada. A trapezista Cleopatra é a causadora de todo o mal em FREAKS, de 1932, entre outros filmes com temática semelhante.
Mesmo nesse cenário descrito no estudo, na década de 1950, os filmes de ficção científica retratavam as mulheres espaciais mais "fáceis": eram frequentes as tramas nas quais astronautas explorando outros mundos se deparavam com moças sensuais e bem mais acessíveis do que as terráqueas. Podemos lembrar, por exemplo, de Altaira (Anne Francis) em O PLANETA PROIBIDO.
No caso específico de A MULHER DE 15 METROS, acho que o sentido é exatamente o inverso: é um filme feminista, que dá a oportunidade à mulher de reagir e assumir o comando da ação, de não ser meramente uma donzela em perigo. É, acima de tudo, um filme-fetiche, que explora desavergonhadamente a figura imponente e irresistível de Allison Hayes. Se a intenção fosse apenas satanizar a mulher, o papel de esposa traída e infeliz seria mostrado como uma velha matrona, resmungona, uma mulher desagradável, e não alguém encantadora como Allison. E o papel de sua rival tampouco seria retratado de maneira tão vulgar e grosseira como Yvette Vickers faz nesse filme.
Enfim, repito que não li esse estudo, mas diante desse breve exemplo, ele parece pobre de argumentos. Grande abraço!
Grande Carlos, concordo com sua colocação e ressalto que apenas tentei jogar um pouco de gasolina na fogueira do CAYMAN, que comentava da debandada dos diretores e produtores para o que ele chama de "era atômica"! Uma possivel singela explicação, nesse multiverso de realidades paralelas! Mas diga lá em velhão a Fern Andra de GENUINE, com aquele olhar lânguido...Demais!!!
Marcello, quanto a GENUINE, tenho a acrescentar apenas que é um filme obrigatório para quem gosta de se deixar seduzir por femmes fatales! E também que passei anos acreditando que o filme era muito ruim, pois essa é a opinião que normalmente encontramos nos livros (provavelmente escrito por gente que "ouviu falar" do filme), que costumam dizer que Robert Wiene só mostra talento em CALIGARI e nada mais! Bobagem; veja ORLAC'S HANDS!
Sobre a era atômica, como falei, é exatamente meu tema de estudo no momento e posso dizer que me parece mais uma decorrência dos fatos do que uma decadência de estilo ou qualquer coisa assim. O horror sempre acompanhou os temores do momento; foi assim durante a Segunda Guerra Mundial e se intensificou no pós-guerra. Na verdade, acho isso fascinante, e considero que temos bastante filmes bons nas décadas anteriores para reclamarmos que pararam de fazer filmes assim.
Jornalista, crítico, historiador e pesquisador dedicado a tudo que se refere ao cinema de horror mundial. Publicou artigos em livros sobre a obra do cineasta José Mojica Marins e sobre o Horror no Cinema Brasileiro, firmando parceria com a Heco Produções em mostras dedicadas à produção nacional no gênero. Colaborou no livro Maldito, de André Barcinski e Ivan Finotti, e co-produziu, juntamente de Paulo Duarte, a Coleção Zé do Caixão em DVD, vencedor do 1º Prêmio DVD Brasil como melhor coleção do ano. Publicou textos nas edições especiais O Livro do Horror (Herói), O Super Livro dos Filmes de Ficção Científica (Superinteressante) e A História do Rock (Bizz). Criou e editou a revista Cine Monstro, ministrou os cursos A História do Cinema de Horror e O Cinema de Alfred Hitchcock e trabalha na organização de uma monumental enciclopédia sobre filmes de horror. Colaborador de publicações como O Estado de S.Paulo, Folha de S.Paulo, Jornal da Tarde, Bizz, Set, General, Herói, Conecta, Dark Side, DVD Total, Showtime, Mundo Estranho, Flashback, Monet etc. Editou o livro Voivode: Estudos Sobre os Vampiros e escreveu o volume sobre Séries de TV da Coleção 100 Respostas (Mundo Estranho).
Das primeiras experiências ao fenômeno Zé do Caixão: Um estudo sobre o modo de produção e a recepção dos filmes de José Mojica Marins entre 1953 e 1967 (2008) Daniela Pinto Senador
Filmes de suspense/terror: Uma análise do gênero com ênfase no cinema nacional (2008) Udiele Ramos Ferreira
Medo de quê? Uma história do horror nos filmes brasileiros (2008) Laura Loguercio Cánepa
Quero ser José Mojica: O circuito de produção trash independente (2009) Mayka Castellano
Uma mulher e tanto para um filme nem tanto... mas, que vale como um dos ícones dos filmes B dos anos 50, quando o cinema de horror norte-americano partiu com tudo prá cima da era atômica, deixando de vez, infelizmente, o clima e as sensações dos clássicos da década anterior.
ResponderExcluirCayman, concordo em parte com o que você escreveu. Eu também costumava lamentar o sumiço dos filmes de horror na década de 1950, mas no momento estou estudando seriamente esse período e facilmente já me apaixonei por esse cenário.
ResponderExcluirTento, na medida do possível, nunca lamentar a História, preferindo mais estudá-la e compreendê-la, mas obviamente me flagro dizendo "infelizmente..." às vezes. Porém, prefiro aceitar as coisas como elas são, pois nada é capaz de traçar o perfil de sua época melhor do que os filmes de horror.
Claro que "infelizmente" vivemos uma época de absoluta carência criativa nos filmes de horror feitos nos EUA, mas o que me motiva é tentar entender POR QUE isso acontece.
Sobre o que aconteceu nos anos 50... aguardem meu novo curso de cinema!
'DO CÉU CAIU UMA 'ESTRELA' A QUAL ENTROU NO INFINITO, TRANSFORMOU-SE EM UMA PARTÍCULA DE LUZ, E CAIU NUM LAGO, E NO REFLEXO DAS ÁGUAS, BRILHA E BRILHARÁ PARA TODO O SEMPRE, A BELEZA, O TALENTO, O CHARME, E A PERSONALIDADE ÚNICA E IRREPETÍVEL DE ALLISON HAYES.
ResponderExcluirAONDE ELA ESTIVER NO PLANO ESPIRITUAL,ELA DEVE ESTAR MUITO CONTENTE POR VER QUE, 33 ANOS APÓS SUA MORTE, OS 7 FILMES 'B' DE TERROR QUE ELA ESTRELOU ENTRE 1957 E 1963 FIZERAM SEU NOME E SUA ESBELTA FIGURA SEREM DISCUTIDOS E APRECIADOS POR NOVAS GERAÇÕES DE FANS, E MAIS CONTENTE AINDA ELA DEVE TER FICADO,QUANDO VIU NUMA ENQUETE RECENTE SOBRE AS 'SCREAM-QUEENS' CLÁSSICAS, SEU NOME GANHAR DISPARADO.
'I LOVE YOU FOREVER, SWEET ALLISON'.
JAIME PALHINHA
Uma Curiosidade que pode explicar esta mudança de clima no cinema fantástico mencionada pelo CAYMAN: Em seu livro, O Monstruoso Feminino, Bárbara Creed mostra como, a partir do universo dos filmes de ficção científica, se dá a satanização da figura feminina no Ocidente. A misoginia também encontra seus elementos no gigantismo. Neste particular, mulheres, aranhas gigantes e extraterrestres concorrem quanto a maior monstruosidade. Vale lembrar de O Ataque da Mulher de 10 Metros (Attack of the 50-foot Woman, 1957), de Natan Hertz. Neste filme, uma esposa traída encontra um extraterrestre verde gigante que passava pelo nosso planeta em um disco voador, é transformada num enorme monstro vingador que estripa o marido infiel com as próprias mãos. Desta época temos ainda Devil Girl from Mars(1954)de David MacDonald; The Astounding She-Monster(1957) de Ronald V. Ashcroft; The Wasp Woman(1959)de Roger Corman; entre outros... Talvez esta temática se identificasse com o puritanismo que grassou a cultura norte americana, e que culminou nas explosivas décadas de 60 e 70!
ResponderExcluirMarcello Araújo
Marcello, interessante esse estudo, mas sem maiores detalhes, eu dificilmente me convenço com essa explicação, pois o fenômeno da satanização da mulher é bem mais antigo, remonta aos tempos bíblicos, no mínimo. No cinema, vem desde o cinema mudo; basta lembrar de Theda Bara em A FOOL THERE WAS, o filme que popularizou o termo 'vamp' para descrever mulheres possessivas e destruidoras.
ResponderExcluirNo cinema fantástico, em especial o de horror, a satanização da mulher sexualmente agressiva também é coisa antiga. Podemos lembrar da obra-prima GENUINE, ainda no cinema mudo alemão, ou a saga de Paula Dupree nos filmes da Universal na década de 1940, quando a mulher literalmente vira fera quando fica excitada. A trapezista Cleopatra é a causadora de todo o mal em FREAKS, de 1932, entre outros filmes com temática semelhante.
Mesmo nesse cenário descrito no estudo, na década de 1950, os filmes de ficção científica retratavam as mulheres espaciais mais "fáceis": eram frequentes as tramas nas quais astronautas explorando outros mundos se deparavam com moças sensuais e bem mais acessíveis do que as terráqueas. Podemos lembrar, por exemplo, de Altaira (Anne Francis) em O PLANETA PROIBIDO.
No caso específico de A MULHER DE 15 METROS, acho que o sentido é exatamente o inverso: é um filme feminista, que dá a oportunidade à mulher de reagir e assumir o comando da ação, de não ser meramente uma donzela em perigo. É, acima de tudo, um filme-fetiche, que explora desavergonhadamente a figura imponente e irresistível de Allison Hayes. Se a intenção fosse apenas satanizar a mulher, o papel de esposa traída e infeliz seria mostrado como uma velha matrona, resmungona, uma mulher desagradável, e não alguém encantadora como Allison. E o papel de sua rival tampouco seria retratado de maneira tão vulgar e grosseira como Yvette Vickers faz nesse filme.
Enfim, repito que não li esse estudo, mas diante desse breve exemplo, ele parece pobre de argumentos. Grande abraço!
Grande Carlos, concordo com sua colocação e ressalto que apenas tentei jogar um pouco de gasolina na fogueira do CAYMAN, que comentava da debandada dos diretores e produtores para o que ele chama de "era atômica"! Uma possivel singela explicação, nesse multiverso de realidades paralelas! Mas diga lá em velhão a Fern Andra de GENUINE, com aquele olhar lânguido...Demais!!!
ResponderExcluirMarcello, quanto a GENUINE, tenho a acrescentar apenas que é um filme obrigatório para quem gosta de se deixar seduzir por femmes fatales! E também que passei anos acreditando que o filme era muito ruim, pois essa é a opinião que normalmente encontramos nos livros (provavelmente escrito por gente que "ouviu falar" do filme), que costumam dizer que Robert Wiene só mostra talento em CALIGARI e nada mais! Bobagem; veja ORLAC'S HANDS!
ResponderExcluirSobre a era atômica, como falei, é exatamente meu tema de estudo no momento e posso dizer que me parece mais uma decorrência dos fatos do que uma decadência de estilo ou qualquer coisa assim. O horror sempre acompanhou os temores do momento; foi assim durante a Segunda Guerra Mundial e se intensificou no pós-guerra. Na verdade, acho isso fascinante, e considero que temos bastante filmes bons nas décadas anteriores para reclamarmos que pararam de fazer filmes assim.
Grande abraço!