Passada toda a onda em torno do novo Sherlock Holmes, vamos voltar a falar do bom e velho detetive criado por Arthur Conan Doyle. O tópico, desta vez, é este raro piloto de uma série de televisão, realizado em 1951. A série, entretanto, foi rejeitada pelos executivos do canal e somente este episódio de meia hora foi concretizado. O vídeo está disponível logo acima (se você não usa o navegador Internet Explorer, possivelmente não está enxergando o vídeo; não sei por que isso acontece!).
O episódio, intitulado The Man Who Disappeared, é baseado no conto The Man with the Twisted Lip, publicado originalmente em dezembro de 1891. O conto foi traduzido para o português como O Homem de Lábio Torcido e O Homem da Boca Torta, e pode ser lido acessando este endereço. Quem se interessar em conhecer melhor a chamada obra ‘canônica’ de Sherlock Holmes deve visitar esta página.
A história, mais tarde reunida na antologia As Aventuras de Sherlock Holmes, é da fase na qual o Dr. Watson havia se casado, deixando Holmes morando sozinho no apartamento da Baker Street. A trama não é das melhores e o desfecho chega a ser um pouco previsível para quem já está acostumado aos truques do detetive, mas tem alguns momentos interessantes. O conto, que tem parte de sua ação ambientada numa casa de ópio, faz citação explícita ao vício de Sherlock Holmes em cocaína. Tais referências cocainômanas foram eliminadas na versão para a TV, que também trata de adequar a situação de Holmes e Watson ao seu convencional estado de solteirões colegas de quarto. De resto, a trama é razoavelmente fiel ao conto, aproveitando a premissa na primeira metade e inserindo elementos mais mirabolantes e mudando substancialmente o final.
Sherlock Holmes é interpretado por John Longden, que teve papel de destaque em dois filmes do início da fase sonora de Alfred Hitchcock (Blackmail e The Skin Game). As feições de Longden, vinte anos mais velho do que quando atuou para Hitchcock, são incrivelmente semelhantes à imagem de Sherlock Holmes consagrada pelas ilustrações clássicas publicadas na revista Strand em fins do século retrasado. Mesmo que este piloto não seja brilhante, não é exagero afirmar que Longden poderia ter interpretado um memorável Sherlock Holmes, caso a série tivesse vingado.
Caralho Primati! Você está de parabéns novamente! O engraçado é que essa semana mesmo estava pensando em rever o Blackmail! E uma curiosidade: para você ver, eu não me acostumei ainda com o fato do século XIX ser o século retrasado... realmente, acho que parei no tempo.... Hehehe. Um abração e que continue nos brindando com mais pérolas raras como esta...
ResponderExcluirP.s.:Pena que eles não tenham adaptado "Um Escândalo na Bohemia", um dos meus contos favorito, em que Holmes é passado para trás pela Irene Adler! A minha história favorita mesmo é o intrigante "O Pé do Diabo" ou "A Pata do Diabo".
Blob, é sempre uma satisfação ver quando estão aproveitando os posts que preparo com tanto carinho e suor!
ResponderExcluirBLACKMAIL é uma das obra-primas do Hitchcock, um filme bem mais complexo do que parece, inclusive pela maneira como ele retrata a personagem feminina e toda a questão de moral e culpa. É algo espetacular!
Sobre viver no passado, eu conferi o texto umas duas vezes antes de publicar, para ver se escrevi "retrasado", e não "passado", porque pra mim também é um problema isso... hehehe.
Falando em coincidências, também comecer a reler "Escândalo na Boêmia" depois de ler "O Homem de Lábio Torcido". Eita!!
Ai, perdi todo o comentário que escrevi. :(
ResponderExcluirEu só ia dizer que novas adaptações de textos tradicionais (incluindo detalhes muitas vezes ignorados) são mais do que bem-vindas, quando não são embutidas de ego do diretor do filme/idealizador da série.
Sobre BLACKMAIL, também é um dos meus preferidos. Adoro o tema da culpa.
Ah, esse sistema de comentários sempre dá problema, não alivia nem pro dono do blog! :(
ResponderExcluirveja o episódio; é divertido, apesar de não terem escolhido um dos contos mais famosos.