Curta-metragem inglês de horror experimental, sem diálogos, realizado pelo estreante Michael Armstrong e protagonizado pelo também debutante David Bowie, então com 20 anos e já se aventurando pelo mundo das artes, na música e no cinema. Um jovem pintor (Michael Byrne) é assombrado pela imagem de seu quadro, que cria vida na forma do sinistro, fantasmagórico e muito anêmico Bowie. O artista se desespera e faz o possível para se livrar de sua criação, esfaqueando seguidas vezes a imagem que teima em persegui-lo.
O filmete causou impacto suficiente para garantir a Armstrong, na época com apenas 23 anos, a oportunidade de realizar seu primeiro longa-metragem, The Haunted House of Horror (1969). O diretor queria novamente seu amigo David Bowie no papel principal, mas teve que se render à predileção do produtor Tony Tenser por Mark Wynter, um astro pop com a carreira em decadência. O filme, produzido pela Tigon, tem ainda Frankie Avalon, Jill Haworth e Dennis Price no elenco. A Tigon foi outra das rivais da Hammer no mercado de horror britânico (ao lado da Amicus e, mais tarde, da Tyburn), produzindo obras como The Blood Beast Terror (1968), Witchfinder General (1968), Curse of the Crimson Altar (1968), Blood on Satan’s Claw (1971) e Doomwatch (1972).
O promissor Armstrong a seguir foi para a Alemanha filmar o polêmico Hexen bis aufs Blut gequält (Mark of the Devil, 1970), com Herbert Lom, Udo Kier, Olivera Vuco e Reggie Nalder, um dos filmes mais violentos do gênero e dever-de-casa para qualquer fanático por torture porn. Depois desses dois filmes promissores, Armstrong praticamente desapareceu do mapa e não realizou mais nenhum trabalho relevante, até ressurgir em 1983 como roteirista de A Mansão da Meia-Noite, dirigido por Pete Walker.
Quanto a David Bowie, vale comentar que o camaleão do rock sempre levou sua carreira como ator mais seriamente do que a maioria dos seus colegas roqueiros, como John Lennon, Mick Jagger e Bob Dylan, que cometeram extravagâncias em celulóide aparentemente por pura fanfarronice. Bowie tem créditos consideráveis nas telas, incluindo contribuições ao cinema fantástico em filmes como O Homem Que Caiu na Terra, Fome de Viver, Labirinto e Twin Peaks: Os Últimos Dias de Laura Palmer.
O curta The Image foi filmado no período de três dias, em setembro de 1967, e ficou relegado ao esquecimento durante anos. Foi remontado em 1984, quando uma cretina trilha sonora eletrônica foi gravada para substituir a música original, muito mais climática e adequada à narrativa arrepiante, surreal e inquietante do filme. A versão disponível aqui é a original, pois somos puristas e inimigos mortais da nojenta década da new wave.
Não conhecia, acabei de assistir! Achei sinistro,gostei do clima! Imagino que trilha sonora eletrônica deve ter melecado tudo mesmo. Valeu mais essa Primati :)
ResponderExcluirNossa, adorei isso! A conclusão é ótima. Será que o artista planejou dar olhos coloridos à imagem ou foi um deslize? ;)
ResponderExcluirAh, adorei a maneira como encerrou o texto! Hahaha. :D